sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Afinal, o que é uma Doula?



Já tive de responder por diversas vezes à essa pergunta. Quando conto que sou fisioterapeuta (essa já é mais comum, todo mundo conhece) e doula, as pessoas em geral me olham com aquela cara de "hã?".



Pra ficar mais claro, copio aqui um texto da Patrícia Bortoloto, que é doula em Curitiba. O texto é ótimo, aproveitem!



DOULAS



Antigamente era muito comum que a mulher fosse amparada, apoiada, assistida por outras mulheres durante o trabalho de parto. Esta mulher geralmente era sua mãe, irmã mais velha, prima, amiga, vizinha que já tivesse vivenciado um parto ou a aprendiz de parteira. Enfim, uma pessoa com experiência.


Com a medicalização do parto esse apoio se perdeu. Atualmente a equipe que assiste o parto é composta por médico obstetra, enfermeira, auxiliar de enfermagem e pediatra/neonatologista. Cada um tem suas responsabilidades técnicas no universo do parto e nascimento, mas nenhum deles esta à disposição para cuidar exclusivamente do bem estar físico e emocional da mulher que está prestes a dar à luz.


Neste “vácuo” surgiu o trabalho da Doula. O termo “doula” é originário do grego e significa “mulher que serve”. A doula oferece apoio físico, emocional e afetivo à mulher antes, durante e depois do trabalho de parto. Cria com esta mulher um vínculo. Oferece carinho e cuida para que agentes externos não perturbem o trabalho de parto.


Ser doula não é apenas uma profissão e sim uma vocação. Precisa ser uma pessoa que acredita que toda mulher é capaz de parir, ser apaixonada pelo nascimento humano e pela força encantadora que toda mulher tem de dar à luz seu filho. Deve entender que o parto é o momento mais importante da vida da mulher - e de seu filho.


A Doula é o espelho da mulher durante o parto. A mulher a observa e por meio dela se tranqüiliza e acredita que tudo dará certo. Ela é responsável por trazer essa tranqüilidade ao parto por meio de seus cuidados e palavras carinhosas. Além deste cuidado para a parturiente, presta também apoio ao companheiro/pai do bebê, que muitas vezes quer ajudar sua mulher em trabalho de parto, mas não sabe como. A doula trata de envolvê-lo no processo, sugerindo que ele a abrace, que faça massagens e a apóie no momento do parto. O parto, se bem conduzido, é uma experiência muito enriquecedora na vida do casal.


Pesquisas apontam que a atuação da Doula na assistência ao parto pode:
· diminuir em 50% as taxas de cesárea
· diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
· diminuir em 60% os pedidos de anestesia
· diminuir em 40% o uso da oxitocina
· diminuir em 40% o uso de forceps.


Esses números referem-se a pesquisas no exterior, mas é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

O QUE A DOULA FAZ:


Antes do parto


· A Doula orienta a mulher e seu companheiro sobre o que esperar do trabalho de parto, parto e pós-parto.
· Ajuda a gestante a refletir quais são seus desejos e medos, contribuindo para que a mulher se prepare física e emocionalmente para o parto.
· Além disso, indica leituras e artigos e auxilia na elaboração de um plano de parto.

Durante o trabalho de parto e parto


· A doula faz uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares auxiliando para que o ambiente seja mais acolhedor.
· Auxilia a mulher com técnicas não farmacológicas para alívio da dor, sugere posições para ajudar no bom desenvolvimento do trabalho de parto e posições para o parto, além de incentivar a parturiente a manter-se ativa durante todo o processo.
· Oferece apoio afetivo, físico e emocional não só à parturiente mas também ao seu companheiro.

Após o parto


· A doula auxilia com a amamentação e cuidados com o bebê.
· Oferece suporte para a nova família, ajudando-a a entender as mudanças que a chegada no novo membro traz ao lar.

Técnicas de apoio da doula



· Hidroterapia;
· Massagem;
· Visualizações;
· Toque tranqüilizante;
· Movimentos rítmicos;
· Respiração e relaxamento;
· Sons e vocalizações;
· Posturas alternadas (o parto é um evento assimétrico);
· Acupressura.

O que a Doula não faz:


· A Doula não substitui quaisquer dos profissionais envolvidos na assistência ao parto;
· A Doula não faz exames, ausculta fetal e tampouco cuida da saúde do recém-nascido;
· Não presta suporte técnico. Sua única preocupação é com o bem estar físico, afetivo e emocional da mulher.
· Além disso, não discute procedimentos com a equipe responsável pelo parto, mas durante a gestação fornece informações para que a gestante faça suas escolhas e converse com os profissionais envolvidos;

O acompanhamento da Doula tem como finalidade ajudar a mulher a ter uma experiência positiva de parto, sentindo-se amparada e cuidada nesse momento único e especial.

Patricia Bortolotto



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Anticoncepcionais durante a amamentação

Semana passada uma amiga fez uma pergunta (aqui, ó) questionando sobre os anticoncepcionais durante a amamentação prolongada. Achei a pergunta bem interessante, e mereceu um post sobre o assunto pois muitas recém-mães tem a mesma dúvida.



Uma amiga minha que cursa Farmácia (a Anna Paula, dona desse blog aqui) respondeu o seguinte: "De forma bem resumida, os contraceptivos usados durante a amamentação contém apenas progesterona, diferente dos outros que também contém estrogênios. O estrógeno inibe a prolactina. Então, anticoncepcionais como o Cerazzete serão eficazes apenas quando a amamentação é regular de 3 em 3, 5 em 5h. Por isso tantas mulheres reclamam que engravidaram usando o Cerazzete. Se existe um grande intervalo, à noite, por exemplo, não vai funcionar. Estes "imitam" uma gravidez, enquanto os outros, usados durante toda vida, "imitam" um ciclo comum apenas inibindo a ovulação."



Vamos por partes: o problema em tomar anticoncepcionais durante a amamentação é justamente o estrogênio, que está presente nas pílulas comuns. Ele inibe a liberação da prolactina, que é a responsável pela produção de leite. Logo, o leite irá diminuir. Além disso, acredita-se que esse hormônio feminino possa chegar ao bebê pelo leite, o que causaria o desequilíbrio hormonal na criança.



É pra isso que foram criadas as pílulas compostas somente por progestágeno (hormônio sintético semelhante à progesterona). Elas são tão eficientes quanto a pílula tradicional, independentemente de a mulher estar amamentando exclusivamente ou não (tanto que pode ser usada por quem não amamenta). O detalhe é que precisam ser tomadas com ainda mais disciplina que as demais, pois até mesmo o atraso de algumas horas pode aumentar as chances de gravidez. Por esse motivo, seu uso é contínuo: não há aquela pausa de 7 dias, nem mesmo durante o sangramento.



E isso vale para todo o período que a mulher quiser amamentar. Ela não pode tomar estrogênio, mas pode lançar mão dessas minipílulas, ou de outras opções como a injeção trimestral, que também é compatível com a amamentação.



OBS: nenhuma informação deste blog pretende substituir o acompanhamento médico. Procure seu ginecologista para que ele lhe forneça as orientações mais adequadas para o seu caso!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"Será que estou com POUCO LEITE?"

Semana passada liguei pra uma gestante que acompanhei pra saber como estavam ela e o bebê. Conversamos um pouco e ela me contou que ele andava chorando bastante (normal pra um recém-nascido de 2 semanas, né?), e na consulta o pediatra disse que o choro era de fome, ela estava com pouco leite. Receitou remédio pra aumentar a produção de leite e mandou complementar com leite artificial, e ela seguiu as recomendações (contra a própria vontade).

Fiquei intrigada: como o pediatra constatou isso nos 10 minutos em que ela ficou no consultório dele? Perguntei por que ela achava que estava com pouco leite, e ela comentou que 3 dias após o parto as mamas haviam enchido bastante e vazavam muito, mas agora elas estavam menores e já não vazavam mais, então o leite devia estar secando mesmo.

Achei importante relatar essa história aqui (já conto o final dela!) por que essa dúvida incomoda muitas mães de primeira viagem. Realmente, após a "apojadura" (descida) do leite, que ocorre em média 72 horas após o parto, é comum que as mamas produzam muito mais leite do que o necessário pra um bebê (aliás, é por isso que mães de gêmeos podem amamentar exclusivamente seus 2 bebês). O corpo não tem como saber quanto leite o bebê vai precisar, então a natureza (generosa) produz em excesso, pra sobrar mesmo, até que o bebê estabeleça um ritmo. Quando o bebê já se adaptou com as mamadas e já tem uma quantidade média por dia, as mamas reduzem a produção, e podem dar a impressão de estarem esvaziando.Não significa, de forma alguma, que o leite esteja secando.

O que é determinante para que o corpo da mulher entenda que precisa continuar a produção de leite é o ESVAZIAMENTO DA MAMA. Aqui está o grande segredo. Quando a mama está cheia, a informação que chega ao cérebro é: "pode reduzir a produção, tem bastante ainda". Por outro lado, se o bebê vai sugando ou a mãe esgota manualmente o seio, a informação enviada é outra: "pode mandar produzir mais porque está esvaziando".

Vejamos a questão agora por outro lado: então quer dizer que, se a mãe quer aumentar a produção de leite, tem que esvaziar mais o seio? Exatamente! Aliás, eu diria que a única coisa que faz aumentar o leite, além de remédios indicados pra isso, é oferecer mais o peito (tá, vou receber críticas por esse comentário, estou preparada! rs!). Nem canjica, nem cerveja preta, nem tomar muito leite, nem chá disso ou daquilo. Até mesmo a orientação que se costuma dar pras lactantes de tomar bastante líquido não influencia na quantidade de leite produzido. Tomar 2 litros de água por dia é recomendação pra qualquer adulto, e é a mesma pra mulher que amamenta... Precisa sim tomar, mas é pelos mesmos motivos de toda a população. Se o corpo precisar de mais líquido para a lactogênese, a mulher vai sentir sede, toma água, e tudo está resolvido.

Esse fato explica por que a produção de leite diminui quando se introduz a mamadeira. Aquela história que se conta por aí de que se a mãe der a mamadeira pro filho o leite vai secar tem, sim, fundamento, e não é mito não. Funciona assim: se a mãe passar a dar 50 ml de leite artificial pro bebê, são 50 ml a menos de leite que a mama vai precisar produzir. Depois de algumas semanas, a mama já não produzirá esses 50 ml, pois o corpo vai entender que não precisa.

Mas essa adaptação não acontece só pra "reduzir" a produção do leite, funciona da mesma forma pra aumentar. O bebê recém-nascido mama menor quantidade que um bebê de 6 meses. Então como é que a mama "adivinha" que tem que aumentar a produção? De novo, pelo estímulo! O bebê vai sugando mais, e depois de alguns dias a produção está maior. Eu lembro muito bem de algumas fases durante os primeiros meses da minha filha que parecia que ela queria ficar o dia todo no seio. Isso é muito comum quando o bebê está passando pelos "Picos de Crescimento" (esse assunto merece outro post...), e mama mais pra forçar os seios a aumentarem a produção. Então, bebê que passa alguns dias mamando mais não está mimado, está crescendo!

Resuminho então, vamos lá?


  • Nas primeiras semanas após o parto os seios podem vazar e ficar muito grandes, mas algum tempo depois (varia de mulher pra mulher) eles vão diminuir. Não estão esvaziando, só se ajustaram à demanda.

  • Oferecer a mamadeira, mesmo que seja pra substituir uma mamada só, vai reduzir a produção de leite.

  • Pra aumentar a produção de leite: oferecer mais o seio (tá, continuem tomando muito líquido, ok? rs!).
Quanto à minha amiga, ela foi no encontro do Gesta essa semana sobre amamentação, e disse que vai continuar firme oferecendo o seio mais vezes. Decidiu por não complementar mais com mamadeira, e vai amamentar exclusivamente ao seio.

Críticas? Dúvidas? Sugestões? Podem postar nos comentários... A troca de experiências sempre é interessante!

Relato de Parto da Solaine - Final

Às 19:30h houve troca de plantão e o Dr. Juliano veio avaliar a Sol. Ela já estava com dilatação total, mas com a bebê ainda bem alta em pelve. O Dr. Pediu pra ela ir pra bola um pouco e tentar movimentar o quadril, pra ajudar a descida da bebê, e ela foi. Quase 40 minutos depois o médico avaliou novamente, e a apresentação tinha descido só um pouquinho... Ele pediu então que ela se deitasse e passasse a fazer força durante as contrações, pra tentar “ajudar” a descida. Explicou algumas vezes, pediu que ela fizesse mais força (que a essa altura ela já quase não tinha), e disse pra levarem ela pro centro cirúrgico (já eram quase 20:30h). Subimos eu e o Joce junto.


Nessa hora o Dr. Juliano foi bem incisivo com a Sol, disse que precisava da ajuda dela naquele momento pois o bebê não poderia ficar muito tempo ali no canal do parto. Quando ele disse isso, acho que ela reuniu todas as forças pra ajudar na expulsão. Mas naquela posição, deitada com as pernas pra cima, toda a força do mundo ainda não seria suficiente. Ele insistiu mais algumas vezes, e por fim auxiliar com o fórceps (pra isso, fez uma “super” episiotomia).


E às 21:10h do dia 01/04/11 nasceu a coisinha mais linda desse mundo: a Isabelly! Nasceu de olhinhos abertos, com quase 3 quilos, 47 cm, apgar 9 e 10. Chorou um pouquinho só pra avisar que estava tudo bem, e logo foi levada para os primeiros cuidados. A Sol só a conheceu depois de quase meia hora, e não pôde amamentá-la na sala ainda porque estava deitada sendo suturada. E, apesar de tuuuuuuuuuudo isso, ainda na sala do centro cirúrgico disse que vai ter o próximo filho de parto normal também. (Mas vai ser diferente, né, Sol?) Ainda fiquei com ela no quarto um tempo depois até que ela conseguisse amamentar direitinho.


Isabelly com 3 dias de vida e carinha de assustada! rs!

Cheguei em casa exausta fisicamente (esqueci que precisava comer e ir ao banheiro nas 14 horas que fiquei com ela) e emocionalmente também. O fato de minha ligação com a Solaine ser assim tão estreita me fez “sentir” muito do que ela estava vivendo... me envolvi tanto que precisei me esforçar pra não desanimar quando ela ficou com a progressão do trabalho de parto mais lenta, no hospital. Tá, vou confessar aqui, até cheguei a pensar: “será que é isso mesmo que eu quero pra minha vida?”.


Além disso, esse foi o primeiro dia da vida da minha filhota que passei longe dela. Quando saí de manhã ela estava dormindo, e me doeu o coração quando cheguei (quase 23:00h) e ela já estava dormindo (alguém vai rir se eu disser que chorei?).



Mas, no outro dia, tive a certeza que eu precisava. Fui visitar a Sol no hospital, e perdi as contas de quantas vezes ela e o Joce me agradeceram pelo apoio, “pelo que eu fiz” (eu???). Eles disseram que, se não fosse a minha presença ao lado deles, sempre calma e tranquila (por fora! Rs!), eles teriam se desesperado e não saberiam o que fazer, nem como agir. Falaram que a experiência teria sido muito mais difícil se não me tivessem ali o tempo todo pra dizer que tudo que estava acontecendo era mesmo normal, que era assim mesmo, que tudo estava sob controle. A minha pontinha de dúvida foi embora na hora: é isso SIM que eu quero!


E, na verdade, acho que esse é o trabalho da doula: dar só o “apoio”. Como dizia um conto que li sobre o parto, a parturiente precisa atravessar essa longa ponte pra tornar-se mãe, e deve fazê-lo por si mesma. Posso ficar lá embaixo apoiando, dando força, segurando a mão dela, mas quem vai caminhar é ela. É claro que você teria conseguido sem mim, Sol... foi você a guerreira dessa história. Foram 20 horas de trabalho de parto, e não vi você querer desistir em nenhum momento.

Já que o relato já ficou enorme mesmo, vou aproveitar pra fazer minhas considerações. Acredito que o parto da Sol não precisava ter sido assim tão cheio de intervenções e tão longo. O final dessa história poderia ter sido diferente: se tivéssemos ficado mais tempo em casa, onde ela estava se sentindo mais segura e tranqüila; se houvesse um lugar acolhedor pra recebê-la no hospital assim que ela foi admitida, pois a insegurança certamente interferiu no processo; se houvesse um quarto com mais privacidade, onde ela pudesse ficar só, ou comigo e o marido, pois a sensação de ser observada também atrapalhou muito. (em tempo, esqueci de contar lá em cima: pouco antes de ela entrar pro centro cirúrgico, apareceu uma professora do curso de técnico de enfermagem e perguntou pra ela se as 4 alunas dela que estavam de estágio poderiam assistir o parto dela... aff... a Sol concordou, e depois que a professora saiu ainda questionei, dizendo que, se ela não quisesse, não precisava... mas ela decidiu deixar assim mesmo. Imaginem a cena dentro do centro cirúrgico: obstetra, enfermeira, pediatra, outra enfermeira circulante na sala, eu, o marido, a professora e mais 4 alunas... AFF!)

Assim que a vida agitada de mãe-mulher-trabalhadora da Sol permitir, ela vai escrever a versão dela e eu posto aqui, pra vocês conhecerem o lado dela também!


Isabelly com 1 mês e meio, linda de viver!!


(OBS: daqui a algumas semanas eu e meu marido iremos levar a Isabelly pra ser batizada, e quando ela crescer vou poder falar pra ela que a madrinha viu ela nascer! Hehehe!)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Relato do Parto da Solaine - Parte II

(continuação desse relato aqui)


A caminho do hospital liguei pra minha amiga, Dra. Taciana, que (coincidentemente) era a obstetra de plantão. Ela disse que a maternidade estava lotada (era pelo SUS), e seria melhor esperar mais um pouco em casa. Se eu tivesse ligado antes de sair de casa teria sido diferente, mas só lembrei quando já estávamos quase chegando. A Taciana disse que daria um jeito de tentar liberar algum quarto pra ela (e ela fez o que pôde, querida!), mas enquanto isso ficaríamos na recepção aguardando. Aguardando na recepção a liberação de uma vaga

Tenho pra mim que a partir daqui o rumo do parto da Sol foi mudando, de acordo com as “condições” a que ela foi submetida. Ficamos mais de uma hora na recepção do hospital aguardando pro internamento, o que não foi NADA bom pra ela. Apesar de ela estar muito tranqüila, quando vinham as contrações ela não podia ficar à vontade, tentava disfarçar pra não chamar atenção das outras pessoas que estavam lá. Quando (finalmente!) ela foi chamada pra consulta de admissão, a Dra. Taciana avaliou e constatou quase 6 cm de dilatação. Ainda estavam higienizando o quarto de uma gestante que tinha tido alta, e a Taci nos encaminhou (eu, a Sol e o marido) pro corredor da maternidade.

Caminhando no corredor com a Sol...

Nesse meio tempo, eu fiquei meio sem ter o que fazer, me senti bem amarrada... e a Sol também. A Taci viu que eu estava sem fazer nada e veio me chamar pra acompanhar uma outra gestante que estava bem desesperada, com 9 cm de dilatação. Estava já há quase 24 horas em trabalho de parto, e o medo e a ansiedade só pioravam a situação e não permitiam que o bebê descesse na pelve. Segurei na mão dela, fiz massagens na lombar durante as contrações, ajudei-a a se sentar, e algum tempo depois a Taci avaliou novamente e disse que a apresentação do bebê já estava bem baixa. Acabei acompanhando o parto dela no centro cirúrgico, segurei a mão dela, e apesar de tudo, no outro dia, ela estava contando vantagem pras outras gestantes, dizendo que se não fosse “um anjo” que apareceu lá ela não teria conseguido (é claro que teria, né?).

Quando voltei do centro cirúrgico, a Sol e o Joce já estavam no quarto, junto com outra gestante e o seu acompanhante. Ela estava visivelmente mais tensa, sentindo mais as contrações, mas ainda no controle da situação.


Presença do pai durante todo o trabalho de parto!

Mas, fazendo uma pequena pausa pra reflexão, o fato de ter ficado junto com outra gestante que já estava quase parindo (que chorava e fazia muitas reclamações) acabou assustando a Sol. Além disso, a presença de estranhos no lugar não dava nenhuma privacidade, ela estava sendo observada a todo instante. E já não bastassem os “companheiros” do quarto, volta e meia aparecia algum profissional da equipe, ou um estagiário (a maternidade é um hospital escola), ou... E esse entra e sai deixaria QUALQUER parturiente com a ocitocina lá embaixo. Essas situações todas foram (hoje eu vejo!) determinantes pro desfecho desse parto.


Depois de muitas massagens, senta, levanta, vai pra bola, vai pro cavalinho... Uma enfermeira veio fazer um novo toque, já eram cerca de 3 horas da tarde. Resultado: 7 cm... Haviam se passado mais de 4 horas, e ela só havia dilatado mais 1 cm. Senti na hora a frustração dela, que instantaneamente “desanimou”. Confesso que, nessa hora, desejei muuuuuuuito que ela já estivesse bem avançada, pois a situação toda que acontecia ali não tinha como ser mudada... o quanto antes ela parisse era melhor. Depois que a enfermeira saiu, sugeri um banho, e a Sol aceitou. Fiquei com ela uma meia hora no chuveiro, massageando a lombar e direcionando o chuveirinho na barriga. Depois que ela saiu do banho foi de novo pra bola, deitou um pouco, sentou de novo, e eu e o Joce alternando nas massagens e abanando ela durante as contrações. Lá pelas 5 horas da tarde, a Dra. Taciana veio novamente fazer toque... 7 cm de novo! Nesse ponto a Taci decidiu romper a bolsa, pra ajudar a acelerar o processo. E, realmente, depois da amniotomia, as contrações aumentaram muuuuuito, e a Sol passou a não saber mais como lidar com elas. A essa altura já sentia o cansaço de não ter dormido nada na noite anterior, sentia um pouco de fraqueza (até ofereceram gelatina e pirulito no hospital, mas não parava nada no estômago, ela havia vomitado algumas vezes)...

Desse ponto em diante eu (olhando de fora) considero que foi o trecho mais difícil da caminhada dela. Vi ali uma mulher determinada, deixando de ser “filha” pra virar MÃE, dando tudo de si pra trazer seu bebê ao mundo. Em alguns momentos eu e o Joce a lembrávamos do porquê de tudo aquilo, que ela precisava resistir ainda mais um pouquinho, e logo teria a princesinha nos braços. Em alguns momentos a abracei, segurei suas mãos, enxuguei sua testa... Mas depois que a bolsa foi rompida o intervalo entre as contrações reduziu muito e ela já não conseguia descansar entre elas. Ela só conseguia ficar deitada, e era visível a tensão no corpo todo. Fomos ainda mais uma vez pro chuveiro, e lembro de ela ter comentado “Mari, você não me disse que ia doer tanto!” Não era só a dor física... era também a "dor" de não poder sentir-se aconchegada em um dos momentos mais importantes da vida dela!

(continua no próximo post, com o final da história!!)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Relato do Parto da Solaine - Parte I

Pra começo de história, já vou justificar aqui a divisão em partes deste relato. Ele ficou mesmo longo, mas não teria como contá-lo senão da forma como foi, “nos mínimos detalhes”. Estou escrevendo ele quase 4 meses depois, mas lembro ainda de cada instante. E digo porque: a Solaine (entre os amigos é a “Sol”) é, pra mim, uma irmã. Apesar de ser alguns meses mais velha do que eu, ela é a irmã mais nova do meu marido, então sempre tive ela assim pra mim, muito mais que uma cunhada, como minha “irmã mais nova”.


Eu, a minha Fernandinha e a Tia Sol, 3 dias antes da Isabelly nascer

Quando eu fiz o curso de doula, ela já estava gestando (acho que estava de 3 meses?), e logo tratamos que eu acompanharia o parto dela. Ela queria ter um parto normal, mas não escondia que tinha muito medo da dor e do processo todo em si. Como ela não tinha tempo pra fazer pesquisas na internet (trabalhava muuuuito), eu imprimia tudo que recebia e achava interessante. Passei a gestação dela todinha levando textos pra ela ler sobre amamentação, educação de filhos, parto, relatos de parto, blá blá blá...

Ela acabou entrando de licença do trabalho aos 8 meses, por conta de algumas infecções urinárias que insistiam em não melhorar, e a médica dela deixou claro que o parto poderia se antecipar por conta disso. E, de fato, quando ela estava com 36 semanas e alguns dias ela me ligou de manhã contando que tinha percebido uma umidade diferente quando foi ao banheiro. Pela descrição, eu percebi que era o tampão mucoso. Expliquei que esse era um sinal de que o trabalho de parto estava se aproximando, mas poderia levar ainda algumas horas ou algumas semanas, não há uma regra. Naquela mesma tarde ela tinha consulta, e a médica confirmou que era mesmo o tampão, e que o colo do útero já estava mais macio. O parto estava mesmo chegando.

No outro dia já levei minha bola suíça pra casa dela, e fizemos nossa “consulta pré-parto”. Ensinei algumas posições pra usar durante as contrações, alguns exercícios, falamos sobre as fases do trabalho de parto... Várias coisas já havíamos conversado durante a gestação, mas agora tinham um sentido direferente, então voltamos a conversar. Ela já se mostrou muito mais confiante e tranqüila, estava bem mais informada sobre tudo.

No dia 31/03/11 à noite (3 dias depois do tampão) a Sol percebeu uma manchinha de sangue na calcinha. Eu havia passado a tarde na casa dela, e tinha enfatizado que ela podia me ligar se precisasse de qualquer coisa, mas ela preferiu esperar. Ela contou que foi dormir, e mais ou menos à uma hora da manhã começou a sentir umas “cólicas”, que estavam ritmadas. Levantou várias vezes pra ir ao banheiro, tentou dormir, mas apesar de o desconforto não estar tão grande, não conseguiu. Mais ou menos às 4 da manhã as cólicas já eram mais fortes, a obrigavam a mudar de posição e respirar profundamente pra aliviar.

Eu só soube que ela estava em trabalho de parto às 7:15h da manhã, quando a minha sogra (elas moravam juntas) me ligou avisando. Disse que ela estava sentindo bastante as contrações, mas estava muito tranqüila, estava no chuveiro tomando um banho quentinho. Eu estava me arrumando pra ir dar aula na faculdade, disse que iria passar na casa delas primeiro, e conforme ela estivesse eu cancelaria a aula.

Quando cheguei lá, ela estava ainda no chuveiro. Chamei meu cunhado pra ter uma conversa (não deu tempo de conversar antes! Rs!), já que eles haviam decidido que ele não iria trabalhar e ficaria com ela durante todo o trabalho de parto. Eu disse que ele seria o “porto-seguro” dela, e que a calma e a tranqüilidade dele dariam força pra ela. Que ele não se assustasse se ela precisasse ficar sozinha, ou ficasse nervosa, ou vomitasse, ou tivesse pequenas perdas de sangue... O papel dele seria de se manter calmo e paciente, mostrando pra ela que ele estava ali junto vivendo a chegada da filha deles.

Logo que a Sol saiu do chuveiro ela disse que estava muito bem, que as contrações não estavam tão difíceis, e disse que eu podia ir pra faculdade. Não quis de jeito algum que eu desmarcasse, então combinamos que eu daria só uma hora de aula (o normal seria 1h e 40 min) e voltaria ficar com ela. Saí quase 8 horas, dei aula até as 9 e dispensei os alunos. Quando voltei me recordo bem da cena: ela estava muito tranqüila na sala sentada na bola, movimentando o quadril, enquanto secava o cabelo.

Últimas fotos da Isabelly na barriga da mamãe Sol!


O Joce (marido dela) estava com um papel e caneta na mão anotando as contrações, e me passou o “relatório”: estavam de 6 em 6 minutos, durando uns 40 segundo cada. Decidimos ficar mais um tempinho em casa. A essa altura as contrações já estavam mais desconfortáveis, e eu ensinei o Joce a fazer a massagem na lombar e no sacro pra ajudar a aliviar, e também a pressão nos ossos do quadril. A Sol ainda terminou de arrumar as coisas dela pra levar pro hospital, foi com o Joce dar uma caminhada em volta da casa... parecia super à vontade, e muito tranqüila. Minha sogra estava lavando roupas, e (se eu a conheço bem!) devia estar com o coração na mão... Rs!

Por volta das 10 horas da manhã as contrações já vinham de 5 em 5 minutos, e eram um pouco mais doloridas. A mãe dela começou a perguntar a que horas eles iriam pro hospital, será que já não estava na hora de ir... talvez com um pouco de medo (do bebê nascer, será? =). Disse pra Sol que havia bastante tempo ainda, mas se ela quisesse ir, a decisão era dela. Ela achou melhor ir pro hospital.


Saindo de casa, paradinha pra "curtir" uma contração


(continua no próximo post)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Relato do Parto da Adriana



A Adriana e o marido dela, Adriano, são meus amigos há mais ou menos uns 10 anos. Nos conhecemos no ano que eu entrei na faculdade, e desde então considero-os como irmãos meus. São uma fofura de casal, feitos uns para o outro (como o próprio nome deles indica! Rs!).

Eles desejavam muito ter um filho, e há 6 anos (repare, são ANOS mesmo!) ela fazia tratamentos pra tentar engravidar. Aconteceu até um fato interessante: nos chás de bebê aqui da região tem uma “brincadeira” de ir fazendo uma bola com os papéis dos presentes que vão sendo abertos. Quando termina, a bola vai passando por cada uma das mulheres presentes, e cada uma tira um papel. Quando chega no último papel, a mulher que estiver com ele será a próxima a engravidar (diz a lenda! Rs!). E no meu chá de bebê, a Adri é que ficou com o último papel. E não é que um ano e meio depois ela engravidou? (não, eu não acredito em superstições... RS! Coincidência?)

Soube da gravidez um dia que levei a minha filha pra brincar no shopping e encontrei a Adri lá, já estava de 4 meses. Ela me contou com um sorriso enorme nos lábios, estava radiante, como é de se esperar. Ela me contou que desejava ter um parto normal, e a essa altura eu já havia feito o curso de doula. Falei que estava organizando um curso para gestantes aqui em Cascavel, e fiquei de ligar quando iniciasse. Fui no chá de bebê dela também, e lá combinamos que eu iria acompanhar o parto dela.

Ela estava fazendo faculdade, e só conseguiu ir a um encontro do GestaCascavel quando já estava com 36 semanas!! Ela e o marido, ambos desejavam que o nascimento do Lucas acontecesse da maneira mais normal possível. Ela ainda foi em mais uma reunião, já com 38 semanas, e até brincamos que talvez até na próxima o Lucas já teria nascido. Nesse dia fui levá-la em casa e entrei conhecer o quarto do Lucas, e também acertamos mais alguns detalhes sobre o parto, que ela planejava normal hospitalar.

A reunião do GestaCascavel foi na terça. Na quinta-feira, dia 21 de julho (ela estava de 38 semanas e 6 dias), ela me ligou às 23:30h, dizendo que estava sentindo algumas “cólicas”, e que tinha percebido uma manchinha de sangue na calcinha. As cólicas estavam regulares, mas ainda não intensas. Disse pra ela que era mesmo trabalho de parto (TP), pra que ela ficasse tranqüila, comesse alguma coisa e tentasse dormir. E que quando as contrações ficassem mais incômodas, ela podia me ligar que eu iria até a casa dela. Fui deitar, e lembro até que pensei: “vou precisar desmarcar a aula de amanhã!” (eu tinha 2 aulas pra dar pro 5º ano de fisioterapia, às 9:50h da sexta, que acabei conseguindo dar!).

Acordei às 4:30h, a Adri ligou dizendo que queria “ir um pouquinho” no hospital, pra avaliar a dilatação. As contrações já estavam mais intensas, e ela pensou em ir só pra ver como estava evoluindo, se estivesse ainda muito pouco queria voltar pra casa. Já prevendo que eles não a liberariam pra casa se chegasse lá, sugeri que ela esperasse um pouquinho e fosse arrumando a mala dela enquanto eu me ia até lá. Não comentei com ela, mas só o fato de ela mesma ter me ligado e ficado uns 4 minutos no telefone comigo me dizia que ela ainda estava no início do TP.

No caminho, liguei no hospital e eles disseram que não têm obstetra de plantão, então eles ligariam pro médico dela ir pra fazer a avaliação. E pelo que sabíamos, se o médico dela fosse chamado de madrugada não iria ficar esperando o trabalho de parto evoluir naturalmente. Com certeza viriam diversas intervenções, e se ela não evoluísse rapidinho, iria pra "desne"cesárea.

Cheguei na casa da Adri quase 5 horas, ela e o marido tinham acabado de tomar um café, e já estavam com as coisas prontas pra sair. Ela estava um pouco ansiosa, conversamos um pouco, perguntei com que freqüência estavam vindo as contrações e eles não souberam me dizer. Sugeri que monitorássemos por meia hora ainda em casa, e vimos que estavam de 3 em 3 minutos, mas duravam só 30 segundos, ela ainda tinha tempo pra esperar em casa. Sugeri, e eles concordaram em ficar mais um pouco antes de ir, visto que o hospital fica a 5 minutos da casa deles.




Estendemos uma coberta no chão da sala, colocamos diversas almofadas, pra fazer um “ninho” pra Adri. Pedi pro Adriano apagar a luz, deixar só uma penumbra, e ligar algumas músicas que ela já havia escolhido. Disse pra Adri que ela fizesse o que sentisse vontade. Ficamos um tempo assim, quase em silêncio, e a Adri foi se entregando, totalmente dona do processo. Agia instintivamente, como deve ser, e mudava de posição conforme as contrações exigiam. Ficou super à vontade, entregue ao parto, e creio que isso determinou a rápida evolução dela. Em poucos minutos as contrações já se intensificaram, durando mais de um minuto, e a Adri passou a relatar mais desconforto.






Lembro de ter comentado com ela que a dor não aumentaria dali pra frente, que ela estava indo muito bem, e tudo estava acontecendo da maneira que deveria. Ela ora ia pra bola, ora levantava, ora deitava, sempre seguindo os próprios desejos. Eu e o Adriano nos revesávamos nas massagens na lombar durante as contrações, em alguns momentos abanamos ela, e entre as contrações eu fazia massagem nas costas.




Adriana já com quase 10 cm de dilatação, fazendo uma forcinha pra sorrir! =D




Também saí um pouco de perto, pros dois ficarem sozinhos, e curtirem o momento de intimidade. Algumas vezes lembrei ela do porquê ela estava ali, quanto ela havia esperado pra que esse dia chegasse, quanto ela sonhou com o Lucas, e agora faltava só um pouquinho pra ela tê-lo nos braços.

Depois de mais ou menos uma hora que eu estava lá, a Adri comentou que estava há alguns dias com o intestino um pouco preso, e queria tentar ir ao banheiro. Perguntei se era vontade de evacuar (pois os puxos podem ser confundidos com isso!), ela não soube responder. Confesso que ela estava tão tranqüila e tão serena que duvidei que fossem os puxos mesmo. No banheiro, depois de uma contração forte, a bolsa rompeu. Ela me chamou pra ver, constatei que realmente era a bolsa. Ela foi tomar um banho, e decidimos ir pro hospital. Logo ela já começou a sentir vontade de fazer força.

Chegamos no hospital às 6:40h e pra nossa alegria o médico dela estava passando visitas na maternidade. Ele já veio examiná-la, e constatou dilatação total! Esse hospital só permite a entrada do pai, então eu fiquei lá fora esperando.

A Adri já havia dito pro médico durante as consultas que não queria parir na horizontal, deitada, e não queria que ele fizesse a episiotomia, mas (como eu já havia dito pra ela) ele não é muito adepto de ideias de humanização e nem das atuais evidências científicas da obstetrícia. Ela teve então que ficar deitada, com as pernas nas perneiras, o médico mandando ela fazer força... e (não entendi ainda porque, a evolução do TP estava ótima) outro médico ainda deu uma “ajudinha”, fazendo a manobra de Kristeller (quando o médico quase sobe na barriga da mãe pra ajudar o bebê a sair). E, como é de praxe dos médicos daqui, ela teve sim episiotomia.

Tirando essa parte chata, o Lucas nasceu 10 minutos depois que ela entrou no centro cirúrgico (meia hora depois que chegamos no hospital), às 7:11h, pesando 2.945g, com 48 cm, e teve apgar 9 e 10. Deixaram ela pegar ele um pouquinho no colo, mas deitada naquela posição ia ser difícil ela conseguir segurá-lo ou amamentá-lo, e ele foi levado pra avaliação. Ele é a cara do papai!

Da minha parte, foi lindo ver a Adri se entregando ao parto. Ela mesma havia dito pra mim que achava que ia chorar, ou ficar com medo na hora, mas não foi o que aconteceu! Ela estava calma, e permaneceu ativa durante todo o tempo (até a hora que foi pro centro cirúrgico). Esteve muito confiante, em si mesma e no seu corpo, e certa de que o mesmo Deus que havia cuidado de todos os detalhes até então não a abandonaria nesse momento.

A Adri disse que vai escrever um relato também, assim que ficar pronto eu posto aqui no blog a versão dela!!

Lucas com 2 dias de vida, mamando muito na mamãe!




Parabéns, família linda!! Que Deus continue os abençoando... tenho certeza que terem passado juntos por esse processo fortaleceu a união de vocês! Agora a família está completa... e que venham outros Adrianinhos e Adrianinhas! Amo vocês!

Por que contratar uma doula?



Quando eu estive grávida, procurei muito por algum profissional que entendesse minha maneira de pensar. Eu havia sonhado muito em ser mãe, e receber minha filha da maneira mais natural possível me parecia algo óbvio. Me cuidei muito na gestação, fiz caminhadas, cuidei da minha alimentação, conversei muito com minha filha na barriga, então porque eu deveria delegar o parto para outra pessoa? Se eu tinha tomado todas as decisões até então, por que nesse momento eu não participaria?

Meu parto (prometo que posto meu relato aqui, hora dessas) foi normal, tranquilo, maravilhoso, mas em alguns pontos ficou distante do que eu havia pensado. Várias intervenções desnecessárias acabaram por me separar da minha pequena logo após o nascimento, e só pude conhecê-la e pegá-la no colo 3 horas depois. No fundo eu sabia que as intervenções que estavam sendo feitas não eram necessárias, minha natureza estava agindo perfeitamente, mas é pedir demais que uma mulher em trabalho de parto tenha que ficar brigando pra ter seus direitos e vontades atendidos. Acabei permitindo tudo, sem nem conseguir argumentar.

Hoje vejo que a presença de uma doula ao meu lado naquele momento poderia ter feito a diferença. Eu não sabia como funcionava o corpo de uma mulher em trabalho de parto, então não sabia exatamente quanto tempo deveria esperar até ir pro hospital, não sabia que posições poderiam me ajudar a amenizar o desconforto das contrações, não sabia se o que estava acontecendo era normal... e as coisas aconteceram como consequência disso e da forma de atendimento que os profissionais me prestaram.

O fato de ter alguém junto à parturiente que tenha conhecimento sobre a fisiologia do nascimento faz toda a diferença. A gestante pode se entregar ao trabalho de parto quando sabe que tudo está acontecendo como deveria. Pode manter a tranquilidade, sem deixar que sentimentos de medo e insegurança atrapalhem a liberação de ocitocina. Pode sentir-se apoiada durante as contrações, sentindo que não está sozinha, que alguém que já passou pela mesma experiência agora a incentiva a não se entregar na metade do caminho.

Hoje não imagino um próximo parto sem uma doula. Mesmo sabendo muuuuuuuuuito mais do que há 2 anos atrás, sinto que esse apoio físico e emocional vai ser determinante pra tornar esse momento o mais tranquilo possível.

Em geral, quando se fala em escolher uma cesárea para via de nascimento de um filho, grande parte das mulheres justifica que "tem medo do parto normal". O medo pode ser "combatido" com 2 ferramentas poderosas:



  • INFORMAÇÃO: só temos medo do que desconhecemos. Quanto mais a gestante ler, pesquisar, se "empoderar", menos espaço haverá pro medo do desconhecido.


  • APOIO: até algumas décadas atrás era incomum deixar uma mulher em trabalho de parto sem acompanhante algum. É claro que a doula não substitui o acompanhante, mas por não ter uma ligação tão direta com a gestante ela consegue manter a calma e o controle mais facilmente. Muitas vezes só o gesto de olhar nos olhos, ou segurar a mão da parturiente, já é suficiente pra acalmar e confortar. Nem palavras precisam ser ditas...


E você, o que pensa sobre tudo isso? Você contrataria uma doula? Por que?


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Nascimento do Blog!

Passei muito tempo "ensaiando" pra criar esse blog. Sou fisioterapeuta (no momento atuando como professora universitária), sou doula, acabo de entrar num mestrado, sou mãe e sou esposa!Minha vida já é corrida o suficiente sem um blog, e não queria me comprometer e depois abandonar o trabalho pela metade.

Mas no curso de gestantes que coordeno aqui na cidade (quer saber mais? clique aqui) sempre temos gestantes novas chegando, e toda vez eu me via repetindo as mesmas coisas, encaminhando os mesmos textos.

Então, achei bom reunir essas informações em um só lugar, e facilitar a vida de todo mundo (minha e das gravidinhas!). Assim, outras gestantes que não sejam aqui de Cascavel também poderão consultar esse material e conhecer mais sobre nosso trabalho!

A ideia de Humanização do Parto aqui na minha cidade ainda não tem sido muito aceita pela maioria dos médicos, que, em geral, prefere intervir no processo do nascimento pra "garantir mais segurança pra mãe".

Na minha opinião, o que pode reverter esse quadro é o aumento de gestantes que estão se informando, e tomando pra si as decisões acerca da gestação e do parto. Por que não? Afinal, gestante informada é gestante segura.

Por tudo isso (e mais, que vou postando aos poucos!), desejo a todas as gravidinhas que nos lêem que APROVEITEM todo o conteúdo! Fiquem à vontade pra sugerir, questionar, criticar...

Afinal, TODA GESTANTE MERECE UMA DOULA!