terça-feira, 6 de março de 2012

Relato de parto da Renata - escrito por ela

Olá!

O relato de parto abaixo é da Renata, gestante que acompanhei no GestaCasscavel, mas não a acompanhei durante o trabalho de parto. Aliás, como vocês vão ver, quase não deu tempo nem pro médico acompanhar, hehehe! O parto dela foi normal hospitalar, e ela permitiu que eu postasse aqui pra inspirar muitas outras gravidinhas.

Segue o relato dela:

"As pessoas que me conheciam antes de eu engravidar, nunca acreditariam se eu dissesse que teria um parto normal. Eu não as culpo; eu mesma dizia não acreditava. “Eu, parto normal? Nunca. Morro de medo da dor.” Essa era eu antes de gestar a Sofia. Durante minha gestação, quando estava ainda no início, algo em mim mudou e sem uma explicação aparente resolvi que teria um parto normal, para surpresa e descrença de (quase) todos.

Minha gestação foi perfeita, sem nenhum contratempo, nada de atípico. O que indicava que meu parto também seria assim. E assim ele foi!

Domingo 15 de janeiro, foi um dia normal. Acordei, almocei, fiz tudo como eu sempre fazia. Por volta das 17 horas decidi fazer alguns exercícios na bola de pilates, pois já não os fazia há bastante tempo. O inchaço do meu corpo fazia com que eu sentisse uma preguiça imensa de realizar exercícios. Depois de alguns minutos na bola, retomei minhas atividades normais.

No início da noite, por volta das 19 horas percebi que o tampão mucoso havia começado a soltar. Contei ao meu marido, que me disse pra ficar tranquila. Conforme nós dois havíamos lido, o tampão mucoso podia soltar vários dias antes do parto. Durante o resto da noite, sempre que ia ao banheiro, percebia mais um pouco do tampão se soltando.Tomei banho e fiz alguns exercícios de agachamento debaixo do chuveiro. Ficamos acordados até meia-noite assistindo filmes. Como já estava tarde, não jantei, apenas comi uma fruta e fui dormir. Tudo parecia normal.

Acordei às 5 da manhã, fui ao banheiro. Sentia-me um pouco desconfortável, mas desconforto já fazia parte dos meus dias. Estava com 39 semanas e havia ganho 18 quilos, muitos desses eram pura água. Voltei a dormir normalmente.

Às 6 horas da manhã, acordei com dor. Fiquei na cama tentando entender o que estava acontecendo exatamente. Aquela dor era diferente da que eu imaginava que ia sentir. Meu obstetra havia me dito que o trabalho de parto não era algo que começaria com dores fortes e que eu apenas deveria ir para o hospital quando estivesse com contrações de 5 em 5 minutos. Então, fiquei tentado cronometrar essa dor, pra descobrir se era o trabalho de parto iniciando. Porém, as dores eram fortes e não percebia um espaçamento muito grande entre elas. Acordei meu marido e disse pra ele que tinha algo acontecendo. Relatei como me sentia e ele me disse “Não deve ser nada, deve ser uma cólica intestinal apenas, as dores não condizem com início do TP”. Tentei ficar calma e continuei deitada, com dores.

Por volta das 6:30 da manhã fui ao banheiro novamente. Percebi que tinha parado de fazer xixi, mas aparentemente o xixi continuou saindo, heheh. Ainda sentia dores fortes, que paravam por pouquíssimo tempo. Antes de me deitar novamente, coloquei uma toalha na cama. Que belíssima ideia! Depois de poucos minutos, senti líquido escorrendo pelas minhas pernas e disse pro meu marido “Ou eu fiz xixi na cama, ou a bolsa estourou”. Levantamos, acendemos a luz pra conferir e realmente havia liquido na toalha, bem pouco, o que fez a gente duvidar se era a bolsa mesmo. Tinha ouvido que quando a bolsa estourava, era líquido pra caramba!

Depois disso não consegui mais ficar deitada, coloquei a toalha na ponta da cama e ficava sentada ali, reclamando de dor. Nesse momento, ambos sabíamos o que estava acontecendo: a Sofia estava pedindo pra nascer.

A dor era muito intensa. Foi quando observei a presença de sangue, como se fosse menstruação. Isso me preocupou, pois não estava esperando dores tão fortes e nem sangue. Disse pro meu marido que se esse fosse o início do trabalho de parto, duvidava que conseguisse seguir a diante. Doía muito.

As 7 da manhã, liguei pro obstetra, Dr. Danilo Galetto. Me informaram que ele já estava no hospital Gênesis assistindo uma cirurgia. Pedi ao Julian para ligar no hospital e falar com ele enquanto eu tomava um banho quente pra tentar aliviar a dor.

Meu esposo falou com o Danilo que após ouvir o relato de como me sentia, pediu pra que fossemos para o hospital. Ele me examinaria assim que terminasse a cirurgia. Terminei o banho, precisei de ajuda pra me vestir (a dor era foooooorte demais!!!!), arrumei o cabelo (sim, lembrei de arrumar o cabelo, hehehe), pegamos as coisas que faltavam e fomos para o hospital. Eu continuava dizendo (gritando, talvez) para o Julian que eu não iria aguentar, a dor era intensa.

Chegamos ao hospital as 8:15 da manhã. Fui encaminhada para uma sala de avaliação. Lá pediram para eu colocar a roupa do hospital e deitar para ser examinada. Deitar era algo quase impossível de se fazer, doía muito mais deitada. Mas não tive opção. A enfermeira trouxe o sonar pra escutar os batimentos da Sofia e o sonar não funcionava. Não dava pra escutar nada além da rádio Capital FM. Ai que nervoso!!!

Depois veio uma médica pra fazer o toque. Terminado o toque eu pergunto “Como estou?” e sou surpreendida com “Você está com 9 cm”. Por essa eu não esperava! Meu marido pediu se a bolsa já tinha rompido e a médica disse: “A bolsa já rompeu, ela já dilatou, está nascendo, vamos para o centro cirúrgico.”.

Dali fui direto para o centro cirúrgico. O Julian foi se paramentar para poder me acompanhar. Ligaram para a pediatra, tiraram o Dr. Danilo da cirurgia que ele estava assistindo, pois não dava pra esperar. Já eram 8:40. Veio o sonar de novo e novamente ele não funcionou. O Danilo mandou buscar o sonar dele no consultório. Só nesse momentopudemos escutar o coração da Sofia e ter a certeza de que tudo estava bem.

Eu sentia muita dor, pedi ao Danilo que chamasse o anestesista, pois queria anestesia. E ele, me dizia que ia chamar, me dando corda... Foi apenas quando o Julian entrou no centro cirúrgico e eu pedi anestesia de novo que o obstetra disse “Renata, não dá tempo pra anestesia. Dentro de 10, 15 minutos ela vai nascer. Eu não vou a fazer nascer, você vai (pelo menos a cabeça, heheeh). Esse é o momento que você estava esperando. Agora, se concentre”.

Dali pra frente, me esforcei ao máximo pra me concentrar no nascimento da Sofia e não na dor que sentia. O Julian esteve do meu lado me apoiando o tempo todo. Entre uma contração e outra tentava ficar em silêncio, me recuperando. Gritei algumas vezes, mas de acordo com meu marido e o médico, não fui uma parturiente escandalosa. Após uma contração, o médico chamou o meu marido pra ver como o nascimento estava próximo, já dava pra ver os cabelinhos da Sofia.

Fiz força algumas vezes. Sinceramente, não sei quantas, perdi a noção do tempo, não cronometrei nada. Só me lembro do meu médico dizendo em determinado momento “Acho que na próxima contração, nasce. Quando vier a próxima contração, se concentra e força!” E assim foi. Na próxima contração, tranquei a respiração e fiz força, toda força que podia e a Sofia veio ao mundo! As 9:20 da manhã do dia 16 de janeiro nascia a nossa princesinha. Meu trabalho de parto durou exatas 3 horas e 20 minutos!!!! Muito, muito rápido para uma primigesta.

A Sofia nasceu saudável, com apgar 9/10 e linda demais! Após seu nascimento, O Julian a acompanhou nos primeiroscuidados e no primeiro banho. Eu fiquei no centro cirúrgico mais um pouco para a sutura da episiotomia, mas logo fui para o quarto receber minha princesa. Me sentia muito bem, pude almoçar normalmente, me levantei, tomei banho e caminhei. Sentia um desconforto por causa dos pontos, mas nada de dor.

As pessoas me perguntam se doeu muito e eu respondo que doeu sim, mas assim que o bebê nasce, a dor desaparece. Instantaneamente, como se fosse mágica.

E logo depois desta pergunta, me pedem se valeu a pena e se faria de novo. É claro que valeu muito a pena e faria tudo igual! Minha recuperação foi excelente, a amamentação foi estabelecida sem dificuldades, minha linda Sofia nasceu perfeita e cresce a cada dia, feliz e saudável! Que mais eu poderia querer?

Renata Prado Zambrim Carpenedo, mãe da Sofia, hoje com 48 dias.

04 de março de 2012."

sexta-feira, 2 de março de 2012

Relato do Parto da Carina


A Carina é dessas mulheres fortes, bem decididas e com opinião formada. Nos conhecemos nos encontros do GestaCascavel, ela e o marido Eudecir participaram assiduamente desde as 28 semanas. Logo eles me contaram sobre os planos de parto domiciliar, e acertamos que eu os acompanharia, junto com o Dr. Jesus e a irmã da Carina, a Denise. Fui algumas vezes na casa deles, conversamos sobre o plano de parto, falamos sobre os medos e dúvidas, comemos pipoca, tomamos chimarrão (rs!) e deixamos tudo combinado.


Numa manhã de sexta-feira (11/11/11, como o Eudecir havia “profetizado”), por volta das 7:30h, a Carina me ligou dizendo que estava em trabalho de parto desde a madrugada, mas que as contrações ainda estavam bem suaves. O Dr. Jesus já havia passado lá, a examinou, e disse que voltaria quando eles chamassem, pois tinha algumas consultar marcadas para a manhã. A Carina já tinha tomado um café da manhã bem reforçado, e iria dar uma caminhada com o marido por perto de casa. A irmã dela (a enfermeira Denise) já estava lá, havia feito um toque e a dilatação ainda estava bem inicial. Ela disse que eu ainda não precisava ir, e me ligaria assim que sentisse necessidade.


Ela me ligou novamente quase meio dia dizendo que as contrações continuavam bem suaves, mas que eu já poderia me organizar pra ir, pois haviam feito outro toque e já estava com 6 cm.
Cheguei lá 12:45h, e vejo ela, o marido e a irmã-enfermeira sentados almoçando. O clima era alegre, de festa, ninguém preocupado. Lembro que quando cheguei mais perto pra cumprimentar a Carina ela fez sinal com a mão pedindo pra eu esperar, abaixou a cabeça, fechou os olhos, respirou fundo... e depois me cumprimentou. Era uma contração...


Depois de todo mundo tomar um super suco de maracujá (pra ficarmos bem calminhos! Rs!) a Carina quis ir pro chuveiro, e o Eudecir foi junto com ela. Acho que ela ficou lá uns 30 minutos, deixei os 2 sozinhos pra aproveitarem um pouquinho esse momento. Eles mostravam uma sintonia incrível, lindo de ver. Como eu costumo dizer, os laços afetivos de marido e mulher nunca serão os mesmos depois de um trabalho de parto juntos!


Mais ou menos às 13:30h subi com eles pro quarto (eles moram num sobrado), a Carina deitou de lado na cama, e o Eudecir ficou segurando a mão dela. Quando vinha uma contração ela respirava fundo, tentando relaxar o corpo, apertava a mão do marido, e eu fazia massagens na coluna lombar pra ajudar a aliviar o desconforto.


Nessa hora ela já estava se concentrando mais, não queria conversar muito. Logo o Dr. Jesus chegou, com um maço de revistas embaixo do braço. Examinou a Carina novamente, ela já estava com 8cm. Ele ficou lá na sala lendo e avisou que, se precisássemos, era pra chamar.
Eu e o Eudecir ficamos ali no quarto em silêncio, junto com a Carina, vez em quando a irmã dela vinha avaliar o batimento cardíaco da Isabela, estava tudo sempre ótimo. Já passava das 14:00h quando o Dr. Jesus fez novo toque, e constatou que a dilatação já estava completa. Como o bebê ainda estava alto, ele sugeriu que a Carina se levantasse pra uma posição mais vertical, pra ajudar na descida do bebê.


Nessa hora as mudanças de posição já eram mais complicadas, as contrações estavam próximas e bem intensas. A Carina quis ficar sentada sobre a bola, de frente para o Eudecir. Durante a contração ela pedia a massagem na lombar e respirava bem forte. Depois de um tempo ela sentiu vontade de sair da bola, e se ajeitou de joelhos no chão sobre travesseiros, apoiada na cama. Quando o desconforto aumentava, eu a lembrava que ela já estava no final, que a Isabela já estava chegando, que ela só precisava ser forte mais um pouquinho e logo conheceria a sua princesa!
O Dr. Jesus subiu novamente pra ver como as coisas estavam, novo toque, bebê mais baixo, e ela instintivamente já fazia força, sem que ninguém dissesse nada. A mãe da Carina chegou, deu um beijo nela, e ficou de longe observando tudo. Sugerimos a banqueta de parto, e o Eudecir ficou sentado atrás apoiando as costas da Carina. Lembro a hora que ele olhou no espelho e viu a Isabela coroando. Ele me olhou com aquela cara de alegria: “é a cabecinha dela?” – fiz sinal que sim, e ele renovou as forças, incentivando ainda mais a Carina.


Só nessa hora é que o tampão mucoso saiu. E algumas contrações depois, nasceu a lindinha!!! Às 16:07h, com 3.450g e 49cm. Dr. Jesus estava de joelhos no chão, pegou a Isabela e já a entregou pro abraço da mãe. Foi uma alegria só, e aquela choradeira geral (inclusive a doula). Acho que o papai chorou mais que a Isabela, todo emocionado. Família completa, enfim! A bebê nasceu ótima, apgar 9/10, rosadinha e cabeluda!! Só deu um chorinho pra dizer que estava tudo bem, e logo se acalmou.
O Eudecir mesmo cortou o cordão umbilical. Alguns minutos depois a Isabela foi pro colo dele, enquanto o Dr. Jesus suturou o períneo da Carina (ele não fez episiotomia, a mucosa teve só uma laceração leve, precisou de 3 pontinhos externos).


Auxiliei na primeira mamada, tirei algumas fotinhas da família linda, e fui embora tomada pela alegria daquele momento.


Carina, obrigada por me permitir participar desse dia tão especial na vida de vocês! Foi um presente pra mim acompanhar uma parturiente tão tranquila como você... Tenho certeza que você vai ser uma mãe maravilhosa, pois desde já tem sido muito consciente na hora de tomar as decisões sobre a sua maternidade! Parabéns pelo parto lindo! (e que venham outros... rs!)


Eudecir, você foi mesmo o “doulo” da Carina!! Que maravilha quando o marido está tão presente que a doula quase não faria falta... Sua segurança e tranquilidade desde a gestação foram essenciais pra dar suporte pra Carina. Ela não teria conseguido sem você... que Deus abençoe a família de vocês imensamente, e dê sempre a graça de descobrir aí o maior tesouro dessa vida!

Enfª. Denise, que bom te conhecer! Profissionais assim tão competentes e humanizados fazem falta pra muitas mulheres... Espero poder acompanhar muitos partos com você!! =D

Dr. Jesus, sua tranquilidade e experiência fazem toda a diferença. Fica muito claro nessas horas que a obstetrícia não é um interesse na sua vida, mas uma paixão!! Muito bom aprender com você.

A estrelinha da festa!

Só alegria...
Marieli
Fisioterapeuta e doula