quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Relato do parto da Thays - escrito por ela (parto natural hospitalar)


Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem mente nenhuma imaginou, o que Deus preparou para os que o amam. 1 Corintios 2:9

Os planos de Deus são perfeitos e maravilhosos. É o que eu sempre digo e é o que está escrito…
Em janeiro de 2011 EU decidi que queria engravidar. A Emanuela, a primogênita, completaria 2 anos em abril e achei que seria a época ideal. No entanto, os meses passaram e… nada, niente, necas… Mas… Nunca me preocupei demais com isso, já que já tinha a Manu e sempre achava que não era a vontade de Deus naquele mês e no outro e no outro. Mas queria logo.  Meu plano.

E se passaram meses a fio, mais exatamente 1 ano e 2 meses, após alguns exames, ultrassom disso e daquilo, em Março de 2012 o plano (não o meu, claro) se concretizou. Estavamos grávidos. Nesse dia meu marido confidenciou que um mês antes havia pensado que seria legal engravidar a partir de agora, pois a Manu já estava grandinha e a reforma da nossa casa já estava terminando. O que vocês acham disso? O plano de nós 3 (Deus, marido e mulher) enfim coincindiu. Deus não permitiu nem antes e nem depois. Na hora certa. Tá, e o que vem depois? Menino ou menina? Pedi muito pra Deus um menino, um sonho do Aldrei maridão que comprei. Mas pensava que minha filha não teria uma irmã pra grudar, brincar e brigar como faço com a minha hermana, então, se fosse menina seria super bem-vinda.
Um dia uma amiga linda e maravilhosa, mulher de muita fé, me ligou única e exclusivamente pra perguntar: Amiga, você quer realmente um menino? “ E eu: “Ah, amiga, eu pedi pra Deus, se Ele me abençoar…” E minha amiga: “Então, se você quer e tem fé, determina, Deus vai realizar o desejo do seu coração.”  Hum, entendi, e foi o que fiz. Agora com mais fé. Como você pode imaginar, com 15 semanas, mais precisamente dia 06/06/2012, descobrimos que esperávamos um menino, o Enrico, servo abençoado do Senhor, pedido e tão esperado!!! A gravidez do Enrico foi tranquila, eu não tinha preocupações bobas, como as que temos na primeira gestação. Só uma doooooorrrrrrrr na barriga, porque era grande esse moleque, hein… Jesus amado… Será o que o plano de Deus é perfeito?!?! Ele presenteou-me com um bebê no tempo dEle, perfeito e ainda me deu o menino que tanto pedimos. Bom, tudo certo com o bebê, tudo certo com a cesárea (!) que nos aguardava.

Um dia, me veio o seguinte pensamento: Possivelmente essa será minha última gravidez (o marido já havia me adiantado isso…) e eu não saberei o que é ter uma contração? Como será ter um parto normal? Parto natural, o que é isso? Acho que vou ter que pesquisar…  Daí, desisti. Voltei atrás. Desisti de novo. Reconsiderei: vou tentar!

Nessa tempestade mental, encontrei-me com uma outra amiga, grávida, que tentaria parto normal e compartilhei da minha vontade. Ela então me disse que eu deveria me preparar e não somente decidir e esperar. Deu-me o telefone de uma doula e mais algumas informações que me atiçaram!
Para resumir, com 33 semanas de gestação troquei de obstetra e decidi que teria parto natural de cócoras. Fiz fisioterapia obstétrica e pesquisei tanto, tanto, tanto que nada nem ninguém me faria trocar de ideia. Já tinha lido de tudo.

Tudo certinho agora precisava esperar o Enrico querer nascer. Acho que foi no dia 20/11, mais ou menos, que o tampão saiu e nem fiquei apavorada… informação é o que há!  Mas a obstetra me avisou que meu bebê tinha até o dia 28/11 pra nascer, quando completaria 40 semanas, já que é o protocolo dela. Respeito, claro, mas tinha certeza que não precisaríamos conversar sobre isso.

Naquele sábado lindo de sol, dia 24/11, almoçamos (Maridão, Manuzinha e eu) na sogrinha e senti uma dor “muscular” na região lombar. Não imaginei que não fosse muscular. Fomos no mercado e tomar sorvete num buffet perto da nossa casa. Quase terminando aquele maravilhoso e enooooooorme pote de sorvete ouvi um “ploc”, tipo garrafa abrindo, sabe?!?! E senti muita água correndo nas minhas pernas. Uhuuuuulllllll! Bolsa!!!!!! Era 15h. Marido apavorado pergunta: “E  agora!?!?” E eu: “Vamos pra casa!” Tão Linda a Manu falando: “O ermãozinho vai nascer?” Fofa!!!!

Chegamos em casa, liguei pra mãe, pra irmã, pra médica, pro hospital (preparar o quarto), pras doulas (tinha duas engatilhadas), pra líder da igreja, pra amiga grávida e o marido já postou no facebook: Estamos indo pro hospital. Hã? Hospital? Nem pensar.

As contrações começaram e eu estava feliz, feliz, feliz. Sorridente e tranquila! Muito em paz! Dei banho na Emanuela e contração no banho! Coloquei-a pra tirar uma soneca e contração no quarto dela. Ela dormiu e eu fui me arrumar (!!!!) Prendi o cabelo, maquiagem… não iria sair feia nas fotos do parto, né, gente… As contrações vinha de 10 em 10 minutos e duravam 1 minuto. Tudo marcado no celular e cronometrado pelo marido. Depois de 7 em 7, 6 em 6… 
Em casa curtindo as contrações

Minha mãe chegou na minha casa e estava querendo me levar para o hospital. O Aldrei também estava apavorado. Nos intervalos entre as contrações eu fiz o famoso chá do parto da Naoli, andei pela casa, conversei com as amigas pelo facebook e conversei calmamente com o Aldrei: “Amor, não se preocupe. Eu sei tudo o que está acontecendo com meu corpo. Eu estudei e sei o que está acontecendo comigo! Fica tranquilo. Quando tivermos que ir pro hospital, te aviso.” 

Em casa, entre as contrações, conversando com as amigas no Facebook
Nos intervalos liguei novamente pra minha doula-doente-viajante Naiara e pra minha doula-vigente Marieli, que já estava pra chegar na minha casa. Durante as dores, eu tinha vontade de ficar ajoelhada e apoiada no sofá e, às vezes, simplesmente deitada.  O chá não consegui tomar: caprichei na pimenta e ficou imbebível, se é que existe essa palavra. Contrações de 5 em 5, 4 em 4, umas mais fortes, umas mais fracas. Fiquei na sala, rodeada da mãe, do marido e dos pontos de interrogações que eu via acima de suas cabeças: Pra que isso tudo? A cesárea foi tão mais fácil...  Não fui compreendida. Mas caaaaaalma! Quando as contrações estavam de 3 em 3 minutos há meia hora e as dores já estavam bem mais fortes, resolvi que era hora de ir para o hospital. Ligamos pra sogra vir ficar com a Manu, que continuava dormindo, pra amiga-fotógrava e a Mari-doula chegou. Liguei pra médica e ela me disse me encontraria no hospital. 

Contrações no carro, contrações na recepção do hospital e trouxeram uma cadeira de rodas pra mim (!) Eu não estava doente, só em trabalho de parto e muito feliz! Chegamos junto com a médica. A coitada da Mari bem que tentou fazer massagem em mim, mas parece que ficava tudo mais intenso e dolorido com a massagem na lombar (só eu senti isso, será?!!?). 

Aguardando a obstetra

O meu maior medo era fazer o toque e estar com 2 ou 3 centímetros de dilatação… e aí me lembro da Dra. falando: 8 centímetros. Uhul! Um alívio. Agora é só trabalhar e esperar. Na contração abaixava na bola, a Mari tentava fazer a massagem, eu não queria…  

Respirando e apertando a mão do papai Aldrei


Quando a contração passou, levantei a cabeça e como se nada estivesse acontecendo falei: "Credo, que cheiro de mofo essa pia!" (uma pia que fica no quarto do hospital para as pessoas que tem noção lavarem a mão antes de pegarem o bebê e para as enfermeiras). E completei: "Vamos mudar de lado!" Peguei a bola e com aquela roupa lindíssima do hospital, dei a volta na cama e agachei. Mais uma contração. Aí passou e falei: "Ui, aqui também tá cheirando mofo!" Não tinha quem não risse da situação, até a médica! Foi engraçado mesmo. 

Depois disso, já não tinha tanta graça, eu já estava cansada e só queria ficar deitada. Comi uma gelatina e agarrava a mão que tivesse por perto e só esperava passar a dor. Dava um gritinhos também, que não estavam no script, mas tudo bem. A Dra. fez o toque de novo e falou que eu estava com 8,5 cm. Depois me contaram que esse “meio” foi só pra não me desanimar.  A partir daí, mais algumas contrações, eu estava deitada com os olhos fechados… cansada mas concentrada, pensando que eu tinha chegado até ali. E o que aconteceria se eu desistisse. Vinham as dores muito intensas, eu pedia para Mari se era isso mesmo, se estava certo… Claro que estava… então eu não ia desistir. Lembro do Aldrei me falando para eu ter força, pra respirar, a Mari falava que eu estava linda e que estava tudo certinho…
Contrações mais fortes, quaaase lá
Comecei a sentir algo diferente. Uma vontade de empurrar. O bebê descendo talvez… os puxos… pela minha experiência apenas teórica. Pedi pra chamar a médica. Ela constatou que eu já estava com dilatação total. Com uma música de fundo e com dificuldade, as pernas um pouco travadas, me posicionei sentada na banqueta de parto. A Dra. recomendou que se tivesse dor era pra empurrar e sem dor era pra respirar. Era tudo muito rápido e muito intenso. Num segundo estava sem dor, logo já comecei a empurrar. A médica me narrava que dava pra ver a cabecinha e a Mari, numa tentatida frustada, me pediu se eu queria um espelhinho pra ver (será que ela já teve uma doulanda que só dizia não?!?!) Mas eu só queria ver o meu bebê, queria aquele momento mágico de pegá-lo no colo. Hoje vejo que deveria ter curtido mais os momentos anteriores, mas na hora eu só pensava no rostinho dele, qual emoção seria ao pegá-lo nos braços… 

Bom, aí empurrei duas ou três vezes e tive o meu momento: Enrico nasceu às 20h40. A Dra. retirou uma circular de cordão do pescocinho dele e fui a primeira da vida dele: tive ele em meus braços, com esforço, suor e vitória. Louvei e agradeci a Deus nesse momento. Consegui dizer: Seja bem-vindo, filho. Nós conseguimos! Há alguns segundos ele estava dentro de mim e agora esta ali… lindo e todo sujinho! Demorou pra chorar, ficaram todos esperando, mas qual o porquê da pressa, já que ainda estava ligado em mim! 


Colo da mamãe!
Agora está explicado o que busquei através do parto natural? Explicado porque não quis nada rápido e automático? Quis oferecer o que há de mais seguro e saudável para o parto e nascimento do MEU filho (ou melhor, o filho que Deus ME deu). Quis essa emoção! Apenas lendo este relato vocês não terão ideia da real e única sensação sentida. Meu filho ficou comigo! Nada de holofotes, banho, aspiração. O pediatra abençoado, o mais humano que já conheci, apenas olhou para ele, ouviu seu coraçãozinho, apgar ok (9 e 10) e estava tudo bem. Pesos e medidas só amanhã. Tentei faze-lo mamar, mas Enrico só cheirou e lambeu a mamãe. E faz isso ainda. Parece um gatinho. Estou apaixonada. Ser mãe de menino é lindo e apaixonante. Depois da Manu, Enrico me completou. Obrigada, Deus!!!

Família linda, agora completa!