quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Relato do Nascimento do Gustavo (08/12/14)

Nasceu o Gustavo!!!! =D

A Fran Lenser frequentou o GestaCascavel desde o começo da gestação. Leu, se informou, aprendeu... até descobriu que algumas dificuldades que ela trazia consigo poderiam atrapalhar o seu parto. E foi buscar soluções, não se acomodou. Estava pronta, liberada, sem medos ou traumas.

Depois de um fim de semana muito agitado dentro da barriga, com exatas 40 semanas de gestação, o Gustavo deu sinais de que queria nascer. A Fran me ligou de manhãzinha, conversamos, ela estava com contrações irregulares ainda, e combinamos que ela iria tomar café da manhã, ia pro chuveiro, e quando precisasse de mim iria me chamar.

Quando as contrações ritmaram nos encontramos no hospital, a Honielly também chegou e fez um toque: 4 centímetros, colo fino. A Fran estava super tranquila, forte, à vontade. O marido Evandro Krefta super presente, com toda a paciência e bom humor.

As contrações foram aumentando devagar... começaram a durar mais, ficar mais próximas, e já arrancavam alguns “ais” da Fran. Ela dançou, ganhou beijinhos do marido, ouviu o corpo, foi pro chuveiro, comeu, esperou, se entregou...  Ao meio dia o Dr. Juliano fez um novo toque: 6 cm.

Conversamos, e eu lembrei ela que ela estava tendo contrações com intensidade compatível a 6 cm. Pra chegar aos 8 cm, ela sentiria contrações com mais intensidade, compatíveis com 8 cm... Quando as contrações apertavam, ela ia pro chuveiro, e elas acalmavam um pouco. Depois de descansar um pouco, ela saia, se movimentavam, ganhava massagem, ouvia música...

Novo toque às 14h: 8 cm. O Dr. Juliano calculou mais umas 4 horas de trabalho de parto. E o corpo da Fran foi pedindo descanso. Ela sentia sono, entre as contrações bocejava. Abaixamos as luzes, ela deitou de lado, e descansou. As contrações deram uma trégua, vinham a cada 4 ou 5 minutos, e ela aproveitava os intervalos pra dormir. De repente, elas voltaram a ficar intensas. Tão intensas que levaram a Fran pra partolândia. Ela ficava com os olhos fechados,  dizia que não estava conseguindo, que a dor estava muito forte, e já não sabia se ia dar conta. Pediu analgesia (nessa hora, ela ficou BRAVA comigo, porque eu falei que ela podia ir pro chuveiro, que ia ajudar, e que ela não precisaria da analgesia! Pensa numa cara de brava!!).



A Honielly perguntou se poderia fazer um toque, porque as contrações tinham acelerado mais e ela suspeitou que a dilatação já estava avançada. Batata. Ela estava com a dilatação quase completa!! 9 para 10 cm. (tava explicado taaaanta dor, né, Fran???) A Fran abriu um sorriso, como há algum tempo já não dava, e tomou nova coragem pra continuar. Foi pro chuveiro, que é a melhor analgesia. Lá descansou novamente, curtiu a água quente, relaxou, e lá mesmo começaram os puxos. Depois disso, tudo aconteceu muito rápido.

Voltamos para o quarto, ela ficou um pouco em pé apoiada na cama, e resolveu sentar na banqueta de parto. O Evandro atrás dela apoiando, ela completamente concentrada, de olhos fechados, e tocando as músicas que ela escolheu pro nascimento. A Honi e o Dr. Juliano estavam tranquilos ajeitando os materiais, quando veio uma contraçãozona, e o Gustavo coroou! “Honi, pega a luva!”. Na próxima contração veio a cabeça, e na seguinte veio o corpinho! Ele nasceu às 17:45h, pesou 3.350g e mediu 51cm. Claro que o papai chorou, e os dindos babões (que estavam do lado de fora acompanhando tudo) também! =D



Ao todo, acho que ela não teve nem 20 contrações com puxos. Foi um expulsivo muito rápido, mas apesar disso ela teve uma laceração beeeeem pequenininha. Só 3 pontinhos, e beleza. O Gustavo ficou no colo dela o tempo todo, o pediatra não tirou nem pra avaliar. A Fran amamentou o Gu, colocou fraldinha nele, depois jantou e foi tomar banho (sozinha!). Nem parecia que tinha acabado de ter um bebê. Estava plena, feliz, radiante!



As visitas já foram chegando em seguida, e ela já estava toda cheirosa na poltrona dando mamá pro Gustavo de novo. Como se nada tivesse acontecido! =D



Fran e Evandro... vocês sabem o quanto a chegada do Gustavo transformou a vida de vocês!!! E eu fico imensamente feliz por poder ter participado um pouquinho desse momento!! Obrigada pela confiança... e obrigada por me permitirem estar com vocês!!! =D



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Relato do Parto da Gabriela (07/12/14) - escrito por ela

"Costumo dizer que meu trabalho de parto começou há cerca de quatro anos quando conheci a Ciência do Início da Vida, uma pesquisa profunda sobre a concepção consciente desenvolvida pela Médica Psiquiatra Eleanor Madruga Luzes. Ali descobri um mundo de informações poderosas sobre as consequências físicas e emocionais do parto e decidi que me prepararia para um parto natural. Ah!!! e nessa altura ainda nem conhecia o pai da criança, que só entrou na minha vida anos depois.

Iniciei assim minha jornada de curas pessoais e a descoberta de traumas que eu carregava desde meu nascimento, sendo que o ponto alto do processo aconteceu dias antes da chegada do Arthur. 
Tudo corria muito bem durante a gestação, desde os quatro meses eu já sentia as contrações de treinamento e assim chegamos na 42ª semana de gravidez. No limite da espera recebi a opção de induzir o parto através de um procedimento em que seria implantada uma sonda para uma estimulação mecânica do meu colo uterino; Horas antes do procedimento, que me assustava um pouco, resolvi saber o sentido biológico do meu colo do útero não responder aos sinais que a gestação induz, descobri então que o colo do útero, segundo a medicina germânica, é um dos órgãos, que armazena informações de vínculo afetivo, frustações e decepções amorosas. Portanto, o melhor estímulo e comando biológico positivo é a relação sexual... Bastou a informação para que eu cancelasse a indução e conversasse com meu marido Rodrigo, rumo ao consultório. 

Informamos o médico e marcamos a cesariana dentro de dois dias. No regresso para casa, mais uma longa conversa e, como casal, decidimos retomar o namoro e a entrega sincera um para outro, então comprometidos nos últimos meses de gestação pelo desconforto de todas as mudanças impostas pela gravidez; Tudo isso aconteceu na noite de sexta-feira, dia 05/12 e na madrugada de sábado para domingo, às 3 da manhã minha bolsa se rompeu e iniciei o trabalho de parto. 

Antes disso, ainda na manhã de sábado, dia 06/12, foi dado outro passo importante para minha total liberação para o parto natural, recebi um telefonema da minha mãe dizendo que havia lido numa reportagem várias orientações para a mulher evoluir bem num parto natural e uma das dicas era fazer amor. Naquele momento senti as bênçãos dela, como se dissesse, “filha apesar do meu medo, do trauma que passei no seu parto (fórceps) e do risco de quase morrer e perder você naquele momento, a mãe abençoa e confia que você pode”; Chorei muito e senti que eu finalmente era capaz e estava pronta para ajudar nosso pequeno vir ao mundo. 

Da madrugada de domingo, 07/12, as contrações ainda me deixaram dormir até as nove da manhã e às 13 horas comecei a sentir a dor mais intensa e pedi para o Rodrigo chamar a equipe do parto domiciliar. Como já havia ensaiado algumas vezes entrar em trabalho de parto, o maridão me convenceu a esperar as contrações ritmarem. 

Às 14 horas pedi “arrego” e implorei pela equipe, em nosso quarto junto com o Rodrigo, chamei por Deus e Jesus algumas vezes e sentia a proteção espiritual o tempo todo; Resolvi ir para sala na companhia de minha mãe e da amiga Aline Chitto que registrava todo o processo. 

Ao ouvir a voz da querida Honielly, nossa enfermeira obstetra, senti a contração mais forte até então e percebi que estava apenas aguardando sua chegada e a segurança da sua presença para evoluir e receber o Arthur. Sua assistente naquele dia, a também enfermeira Dedé Luz, chegou até mim na cama e tive uma contração tão forte que pedi para levantar, quase fui ao chão, a Hony perguntou, “o que foi isso?” Eu respondi meio desesperada, “Hony senti um puxo!” Ouvi ela dizer “ei papai, ela tá merecendo um toque”, já passava das três da tarde e eu estava com 9,5 cm de dilação... nem acreditei... a Hony também ficou surpresa. 

Começou então uma correria para deixar tudo certo, a amiga Sarah Valente também nos apoiava e ajudava a colocar mais água quente na piscina que estava na sala de casa. Durante toda a gravidez sonhei com água, querendo estar na água doce e salgada, mas não imaginava um parto na água; Naquela altura tinha dúvidas se queria ir ou não para a banheira porque sentia que se entrasse não conseguiria mais sair, foi então que meu marido me lembrou dos sonhos e me convenceu.

Na piscina sentia medo da água quente baixar minha pressão e eu perder as forças, queria toalha de água gelada na cabeça e na nuca, o que me aliviava muito. Não achava posição, tinha medo do bebê cair no chão (hehehe) e quando não esperava mais ter a presença da minha doula no parto (em viagem fora da cidade) ela me surpreende e chega em casa por volta das 17 horas. Grata Surpresa! 

A querida Marieli assumiu o comando do rebozo, tecido usado naquela hora para que eu me apoiasse e fizesse força. Então as contrações tomaram conta do meu corpo e sentidos, a força da natureza se apresentou como nunca, eu pouco controlava algo, apenas me deixava levar pela força da contração que me tirava a consciência e me levava para um lugar onde o que importava era apenas acompanhar meu corpo, sábio e cuidadoso. 

Era como se meu útero soubesse meu limite, eu até queria continuar a força em cada puxo, mas era controlada pelo corpo que parecia dizer, “calma, já foi o suficiente, se recupere para a próxima”, eu respirava fundo e quando a contração chegava eu pedia o rebozo e dizia, “vamos lá, vem mais uma!”, sentia ali uma força, a certeza de que agora vai, não tem volta, está acontecendo... Foi então que alguém disse, “está sentindo o círculo de fogo”, eu disse, “O que? O que é isso?”, não bastasse aquela dor ainda tinha um círculo de fogo! Já chorei de rir lembrando disso; Então me explicaram que é a ardência na vagina quando o bebê está passando a cabecinha... hummmm, explicado e tudo bem se ainda tinha isso, vamos lá né, quem disse que seria fácil? 

A certa altura eu já em outro mundo perguntei, “Mas que horas vou sentir o tal negócio do sol?” A equipe, “ do sol?” ela deve estar falando do círculo de fogo... (hahahaha), imagina só; A partir de então eu precisava muito saber se estava indo bem e meu marido percebeu, mudou de posição junto a banheira e pôde ver tudo de frente e então começou a me conduzir dizendo que estava vendo coroar, o cabelinho, a cabecinha e me fortalecia a cada contração; Foi decisivo receber essa força! 

Para minha surpresa o tal círculo de fogo foi a melhor hora do parto... ardeu, doeu, mas foi a melhor de todas as dores! Eu consegui! Nós conseguimos... então recebi a instrução de não fazer mais força, a contração viria a o corpo saberia o que fazer... doce ilusão... nosso príncipe, com seus 4 kg e 55 centímetros, ao iniciar a saída do corpo era tão comprido que eu senti que precisava ajudar fazendo minha última grande força... e ele nasceu, às 18h05 do domingo (07/12/14)! Foi amparado pelo papai... o primeiro a segurá-lo. Das mãos dele para meu colo, num choro mais que forte e contínuo. 




Eu olhei para o pai, para as amigas e profissionais que nos acompanhavam... foi a realização do sonho de uma vida inteira. Nove meses de convivência e o primeiro encontro olho no olho! Quanta realização! Assim o Arthur foi bem vindo e recebido em seu lar, sem nenhuma intervenção, com os pais mais unidos que nunca. Um milagre que devemos a criação divina e a todos os seres espirituais que nos ampararam. 

Depois disso a mamãe passou por um procedimento cirúrgico no hospital para a retirada da placenta, que era 3 vezes maior que o tamanho normal e estava presa no útero... uma outra história que tem seus significados e com certeza será contada em breve. Nossa gratidão também ao médico Juliano Stiegemeier que nos atendeu em pleno domingo e respeitou todo nosso processo de escolha e convicção. 

Hoje estamos em casa comemorando o nascimento do nosso príncipe Arthur, um vitorioso e abençoado bebê! 

Grande beijo a todos... em especial a minha generosa mãe, avós, bisavós e todas as mulheres do meu sistema familiar que com certeza comemoram conosco essa conquista!"

No hospital, após a retirada da placenta


sábado, 29 de novembro de 2014

Relato do parto da Márcia - 01/10/14 (escrito por ela)

Esse relato de parto é muito especial. Foi escrito por uma mãe que foi conduzida a uma cesárea na sua primeira gestação, e conseguiu encontrar os caminhos para que o nascimento do seu segundo filho fosse completamente diferente. =D A Márcia Peiter teve todos os motivos do mundo para desistir de receber seu filho naturalmente, mas decidiu ouvir aquela voz lá dentro que dizia que tudo daria certo!!!

Segue o relato escrito por ela:
 
"Em fevereiro, quando descobri que estava grávida, não me passou outra coisa pela cabeça senão: ‘dessa vez o parto será normal’. E eu sabia que teria que lutar muito por isso. Com 28 semanas, mudei de GO, após ouvir dele: ‘eu não faço essas coisas (parto humanizado) e você já tem a cicatriz da cesárea, podemos aproveita-la’. 

Na primeira consulta com o novo GO fiquei muito feliz com o apoio total ao parto humanizado, já que eu havia conversado a enfermeira obstetra Honi e a doula Mari e sabia que teria uma equipe maravilhosa para me acompanhar. Final da consulta. Aferição da PA: 160/110mmhg. Bateria de exames. Proteinúria alta. Meu plano A acabava de ir por terra: o parto domiciliar. O diagnóstico de pré-eclâmpsia me assustou muito no início, pelo fato de ter lido muito sobre hipertensão na gestação e  indicação na maioria dos casos era interrupção com 37 semanas. Mas algo sempre me dizia que tudo daria certo. 

Com 36 semanas, fiquei 3 dias internada para monitorar a PA, que se manteve 14/9 com medicação. As próximas semanas se tornaram uma tortura, pois se a qualquer momento a pressão subisse acima desse valor, seria novo internamento+cesárea. Tudo se manteve sob controle até 39 semanas e foi quando a proteinúria aumentou muito. Naquela sexta-feira, com 39+3, eu havia decidido juntamente com a equipe induzir o PN, mesmo meu GO sempre insistindo que seria um procedimento arriscado. Seria iniciada a indução no sábado, com a preparação mecânica do colo. 

No sábado quando acordei, algo me dizia que deveria esperar, e seguindo minha intuição, remarquei para segunda. Passei o final de semana torcendo para que se iniciasse o PN sem nenhuma intervenção, e nada de contrações. Plano B por terra também: PN sem indução. Antes de por a sonda, um toque foi realizado e 3cm de dilatação constatado!! Era o Bernardo dando sinal de que a hora estava chegando! A sonda foi colocada mesmo sem expectativa que iria dar certo (na verdade ela é colocada para alcançar 3cm). E realmente não deu certo!! (ufa) Não precisou dela... Na terça a noite, com 40 semanas completas, novo toque pela Honi em casa e para nossa surpresa: 8 cm!! Não acreditamos. Vibramos. Depois de 2 dias de contrações espaçadas e sem ritmo, ali eu soube que estava em TP, com 3 contrações a cada 10 minutos. 

Com ‘calma’ (se é que a ansiedade permitia) nos preparamos, eu e o Everton, e fomos para o hospital às 22h30. A Julinha ficou com a vó em casa. Muitas contrações no caminho recepção-quarto. Fui para o chuveiro e mesmo com a bola não achei uma posição confortável. A meia-noite tive vontade de fazer força, era a fase expulsiva se iniciando. Perda do tampão mucoso. Contrações cada vez mais fortes, e eu aprendendo à aceita-las. 
Honi e Márcia (com 8cm!!) na recepção do hospital

Movimentos com o quadril


Pai presente ajudando sua esposa 


















A Mari ficou o tempo todo comigo e me dizia para chama-las, que eram elas (contrações) que trariam o Be pra mim. Novo toque e 10 com, dilatação total! Fui para a banqueta de parto, depois para a cama de 4 apoios, mas nenhuma posição era confortável. Nessa hora o Dr. Juliano foi chamado. A cada contração, eu esmagava a mão do Everton, que o tempo todo me deu apoio, mesmo se sentindo um pouco deslocado em meio ao processo. Mal sabia ele a importância para mim da sua presença ali, sua participação na vinda do nosso pequeno ao mundo! 


Já era quase 2 horas da manhã, e eu podia sentir a cabeça dele no canal de parto. Empelicado! Ele nasceria dentro da bolsa! Como a progressão do expulsivo começou a parar, decidimos por romper a bolsa e mais algumas contrações, na banqueta de parto, senti o famoso círculo de fogo e conheci a partolândia. Não vi mais ninguém no quarto (depois que notei a presença de enfermeiras assistindo o parto normal que é raridade rsrsrs) e às 2h09 o mais esperado chegou! Foi direto para o meu colo, com o papai atrás de mim, e ali ficamos em êxtase abraçados! ‘Nosso pequeno nasceu! Nosso Bernardinho!’, o Everton falava no meu ouvido. 

Cabecinha do Bernardo já estava de fora, Dr. Juliano e Honielly aguardando a próxima contração para segurá-lo
Momento SAGRADO de imprinting, reconhecimento... 


Primeira mamada do lindinho
O cordão foi cortado quando parou de pulsar e enquanto ele recebia alguns cuidados no berço aquecido (sem aspiração e nitrato de prata, à nosso pedido) minhas pequeninas lacerações, duas, foram suturadas. Nesse momento não existia mais dor, tudo foi embora. Minutos depois, nasce a placenta. Peguei meu pequeno no colo, aconcheguei, namorei, e ele mamou por mais de uma hora. 







Sensação de dever cumprido, de respeito pelo nascimento, de gratidão por tudo o que havia acontecido antes, durante a após o parto. Agradeço imensamente as pessoas lindas que me apoiaram: Honi, Mari, Juliano, Everton... Não cheguei ao plano D – cesárea- e nem o plano C foi necessário – indução e digo depois de me empoderar muito: pré-eclâmpsia, desde que bem assistida, não significa cesárea!. O Bernardo chegou no seu tempo, em um ambiente cheio de ocitocina, pouca luz, quentinho, como todos os anjos deveriam ser recebidos!"
Pura gostosura!!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Relato do Parto da Cláudia - 06/11/14 (escrito por mim e por ela)

Esse parto eu preciso contar pra animar as mulheres que querem um segundo parto normal. 


Conheci o casal (Claudia Monteiro e João Paulo Brunelo Miguel) quando eles já estavam de 36 semanas e resolveram trocar de obstetra. Simples assim: vamos buscar outro, por que sentimos que o nosso não vai fazer o parto. O primeiro filho deles nasceu de parto normal em Curitiba há dois anos, mas foi um parto "frank", cheio de intervenções. Eles queriam que dessa vez fosse diferente.

A estavam de 40 semanas e 3 dias, e na terça ela acordou sentindo cólicas junto com as contrações de treinamento. Vieram de Marechal para Cascavel pela manhã, quando as primeiras contrações apareceram, ainda sem ritmo e irregulares. Aproveitaram o dia para passear no shopping, ir ao cinema, comprar as últimas roupinhas e curtir o dia de parto! !

À noite as contrações ficaram mais desconfortáveis, pedi pra Cláudia monitorar depois de um banho longo de chuveiro e me ligar. No chuveiro, novamente contrações sem ritmo, com intervalos irregulares. Ela me ligou às 23h, e combinamos que todos tentariamos dormir um pouco.

Acordei com uma ligação dela às 2:15h, dizendo que nos encontraríamos no Hospital, as contrações estavam com intervalo de 4 minutos, mas estavam beeeeem doloridas. Cheguei no São Lucas às 2:30h, o casal estava na recepção fazendo o internamento, e a Claudia tranquila, respondendo às perguntas da recepcionista, com cara de que ia demorar bastante ainda!!!
Subimos andando para o quarto, no caminho começaram os puxos. Chegamos no quarto as 2:50h, e a bolsa rompeu. A Honielly (enfermeira obstétrica) e o Dr. Douglas já estavam lá. A Cláudia deitou para a Honielly auscultar o coração da Marina e fazer um toque, e... 10 cm!!! Dilatação completa, bebê já bem baixinha (de Lee +3!)!
Posição que ELA escolheu para o nascimento
A Cláudia quis virar na cama, ficou de gatas com a braços apoiados na cabeceira, marido segurando a mão dela, e vieram mais alguns puxos, até que... NASCEU! Pasmem: 8 MINUTOS depois que chegamos no quarto!!! Pesou 3.060g, linda, rosadinha, e deu só um chorinho pra mostrar que estava respirando bem. Veio direto pro colo da Cláudia, e depois que a pediatra avaliou, mamou por mais de uma hora!! A Cláudia teve uma laceração pequena, grau I, que precisou só de alguns pontinhos.
Papai cortando o cordão umbilical

O parto foi absolutamente natural, ninguém disse pra Cláudia o que fazer: ela sabia, e escutou o seu corpo!!!

Queridos, parabéns! ! Foi uma honra testemunhar esse nascimento... obrigada pela confiança!! Deus os abençoe, dando sabedoria e amor para educar o Igor e a Marina baseado a na mais perfeita teoria educacional: a do Amor incondicional!

Segue abaixo o relato da Cláudia:

"RELATO DO NASCIMENTO DA MARINA – PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO

O nascimento da Marina foi sem dúvidas o momento mais lindo, emocionante, especial e marcante de toda a minha vida, momento este furtado de mim dois anos atrás quando nasceu o Igor, meu primeiro filho, isso porque as intervenções médicas padronizadas e desnecessárias ocorridas durante o trabalho de parto do Igor roubou de mim esta vivência toda especial que eu pude agora ter nesta segunda gravidez. 

O Igor nasceu também de parto normal, mas não como eu imaginava, pois dando entrada na maternidade fui submetida a todos os procedimentos padrões SUS, tais como o uso do soro de ocitocina sintética para acelerar o trabalho de parto (nenhum respeito ao tempo natural do bebê), a anestesia peridural, a posição de barriga para cima e pernas levantadas desfavorável ao nascimento (mas favorável ao médico) e a episiotomia. O atendimento é em massa sem considerar a especificidade e as necessidades de cada caso, e essa é a rotina dos partos pelo SUS, todas as mulheres atendidas naquele mesmo dia passaram exatamente pelos mesmos procedimentos que eu. E deixam marcas, porque as dores que o “sorinho” de ocitocina provoca alimentam os relatos de que o parto normal é a coisa mais dolorida do mundo e que tem que ser muito corajosa para escolher um parto assim. 

No parto da Marina não teve nada disso, nem soro, nem episiotomia, nem anestesia, nem sala de cirurgia, nem dores horríveis, nem médicos com máscaras e instrumentos cirúrgicos. O parto não tem que ser uma cirurgia! Acompanharam tudo o João meu esposo, a doula Mariele, a enfermeira obstetriz Honieli e o médico, o Dr. Douglas. Foi totalmente natural, ela nasceu no quarto do hospital, eu em posição de gatas e com dores que eu nem posso chamar de dor se comparado com a intensidade do amor e da emoção que senti no momento em que ela nasceu e foi direto para os meus braços se aquecer sob minha pele, nenhum procedimento de rotina atrapalhando. E tudo isso em menos de oito minutos entre o momento que entrei no quarto do hospital e dei a luz a Marina. O mais importante foi o respeito comigo e com a nenê da equipe que acompanhou, o Dr. Douglas que diferentemente da maioria dos outros médicos sabe respeitar a vontade das gestantes, o carinho e o conhecimento profundo sobre partos e bebês da Honiele e a paciência da Mari me acalmando sempre que ligava pra ela com falsos sinais de trabalho de parto nos últimos dias de gestação.

Saí desta experiência energizada, feliz e com todo o gás para cuidar da minha pequena que, por sinal é muito tranqüila, e do Igor que tem dois anos e precisa de muito carinho e atenção para se adaptar com a nova situação. Não tenho que me recuperar de nenhuma cirurgia e nem tomar remédios, é por isso que escolhi o parto natural humanizado e virei um pouco militante, acho que para mudar o mundo é preciso também mudar a forma de nascer."

Relato do Parto da Karine - 08/11/13 (escrito por ela)

Hoje o relato de parto é escrito pela própria protagonista da história! Aproveitem!! (só as legendas da fotos são arte minha... rs!)

"Depois de passado um ano, ponho-me a escrever meu relato de parto. Faz tempo, mas o tenho extremamente vivo na memória, como se fosse ontem. É do tipo de coisa que não se esquece, pois te transforma de tal forma que não há volta.
Quando engravidamos, eu e marido, não pensava muito no parto em si, aproveitei cada fase: os primeiros exames, saber o sexo, ler sobre as transformações que meu corpo estava passando, montar o nosso ninho para recebê-lo. Não pensava muito ainda na via de parto, a única certeza era a de que queria esperar pelo menos um sinal de que o Felipe estava pronto para nascer. Cesárea agendada, não.
Conforme a barriga foi crescendo e o tempo passando, comecei a ler bastante a respeito do parto normal e, assim, me empoderando. Cada relato de parto que eu lia eu pensava: "Eu não posso passar pela vida sem viver isso!" Assim, com 28 semanas, estava decidida: o Felipe viria ao mundo através dele. Claro que não é tão simples assim, teve muita resistência por parte do médico, o qual meu marido confiava muito, dificultando trocar. Eu, muito convicta, encarei então convencer o médico e mostrar que seria do meu jeito. Conversei com a Mari, doula e ex-colega de faculdade, que me apresentou a Honielly, enfermeira obstétrica. As duas me acompanhariam e então pronto. Mente tranquila que daria certo dessa forma.
No dia 04 de novembro de 2013 completei as 40 semanas. A ansiedade tomando conta, pois as pessoas próximas sabiam da minha vontade e começaram a perguntar sobre o nascimento (gestantes, mintam sua idade gestacional, comprem seu sossego!). A Honi veio em casa, conversamos, ela nos tranquilizou e pediu um pouquinho mais de paciencia, pois já havia esperado até agora, faltava pouco.
Nas duas noites seguintes tive cólicas leves, mas nada que me atrapalhasse o sono. Na noite de quarta para quinta-feira, 06 para 07/11, as cólicas se intensificaram, chegando a me acordar e me obrigando a virar de lado para acalmar. Mas na minha cabeça ainda não era nada. As 7 da manhã levantei e fui ao banheiro, quando então saiu o tampão mucoso. Marido arregala os olhos e pergunta: "O que faço agora?". Me mantive muito calma e disse que ele fosse trabalhar , que qualquer coisa eu o chamaria. As contrações começaram e avisei as meninas que me orientaram a anotar os intervalos e a duração, para confirmar o trabalho de parto.
Assim passei a manhã: arrumando as coisas do Felipe para levar ao hospital, arrumei minhas coisas, enfim. Pensei que se continuasse daquela forma, tava fácil! Ao meio dia, novo contato com as meninas, a Hony me orientou que eu fosse para o chuveiro e ali ficasse por um tempo, para vermos que rumo as coisas tomavam. Assim o fiz, deitei, tentei dormir um pouco mas já estava complicado ficar deitada, estava desconfortável.
Lá por três da tarde as meninas chegaram em casa, marido também. As contrações mais fortes e longas, mas tentava respirar e relaxar os ombros durante elas. E entre elas a conversa rolava solta. Ao chegar a Hony quis fazer um toque para ver como estava: 3cm. Mas como o processo estava bem tolerável, fiquei tranquila.
Cara de contração
 






Maridoulo!!!
Massagem, bola, conversa, tranquilidade, ventinho... =D


A tarde foi passando, as contrações aumentando e chega um ponto que era preciso me movimentar, deixar de ficar só sentada, para que o bebê pudesse descer mais. Andar naquele momento era desconfortável, muito, mas se era necessário, vamos lá. Na contração, me orientaram que eu agachasse até passar. Na primeira delas, na garagem de casa, a bolsa estoura.
A partir daí comecei a perder a noção do tempo e me deixei levar pelo momento. Sabia que estava bem acompanhada e monitorada, então, nada havia de mal para me acontecer. Fui para o chuveiro e fiquei deitada sobre a bola, não sei por quanto tempo. Ao sair do banho, já não controlava minhas pernas e uma vontade de fazer força começa a tomar conta. As meninas e meu marido foram colocando as coisas no carro para irmos para o hospital.
Cara de 8 cm, feliz da vida!! (entre as contrações dá pra sorrir, siiiiim!)
Começando a ficar mais difícil. Apoio, massagem...
O trajeto até lá foi rápido. Encontramos o obstetra e subimos para um quarto ao lado de onde o Felipe nasceria. As contrações já vinham com força e logo em seguida nos transferimos para o outro quarto. Ali ficamos todos: eu, meu marido, obstetra, doula Mari, enf. Hony e Heni (irmã da Hony que ela chamou para fazermos um certo volume pra garantir o nosso parto normal!), aparentemente esperando pelo nascimento rápido... que não veio! As contrações foram espaçando e ficando mais curtas. Concordamos em usar ocitocina sintética para ver se as contrações engrenavam novamente. Sem sucesso. Apesar de ter um relógio enorme na parede, não tenho certeza de quanto tempo ali ficamos, mas sei que não foi pouco. O cansaço já tomava conta, quando então decidimos ir para o chuveiro por 15 minutos. Mesmo eu não querendo me movimentar naquele momento, fomos. Lá fiquei, a Hony sempre me encorajando, dizendo que faltava pouco, que havia chegado até ali.
Quando voltamos para o quarto, com novo gás, as contrações engrenaram novamente e exatamente as 3 horas da manhã o Felipe nasceu! Com 3.250kg e 51cm, veio direto para o meu colo e iniciou a amamentação logo em seguida. Naquele momento a única frase que me vinha à cabeça era: "Não acredito que conseguimos!" A dor e o cansaço se foram na  mesma hora, dando lugar a uma alegria sem fim. Não nos separamos em nenhum momento, a não ser para que ele fosse pesado e os procedimentos com ele fosse feitos (não tenho certeza dos procedimentos que tomaram com ele, o único que vi foi aspirarem as vias aéreas). Na sequencia ele já voltou pra mim e comigo ficou por todo o tempo.
(dispensa comentários!!!)
Momento mais sagrado desse mundo, que não deveria ser roubado de nenhuma mãe e de nenhum bebê!
Sempre achei a palavra "parir" um tanto quanto forte, me lembrava bicho tendo seus filhotes. Mas depois que se passa pelo processo, a gente entende perfeitamente que é isso mesmo: somos mamíferos, afinal de contas! Parir exige se livrar de todos os pudores, enfrentar o medo para que a coragem te permita lutar e defender sua cria. E a sensação que se tem durante o processo é justamente a de um bicho mesmo: só dá vontade de ficar no seu canto, na posição que a gente escolhe, quietinha (sem ficar ouvindo asneiras!), porque aquele é o SEU momento! Ninguém deveria ter o direito de intervir, porque parir é seguir instintos, mas quais instintos sobrevivem a intervenções desnecessárias, um ambiente frio e controlado como um centro cirúrgico?
Família completa!!

Me perguntam muito da dor, o maior medo das mulheres quando se fala em parto. Sinceramente, a única hora que lembro de ter sentido dor mesmo foi quando ele coroou, o famoso "círculo de fogo". Ardia muito e esperar pela próxima contração para que ele nascesse foi interminável naquele momento. Mas de todo o resto do trabalho de parto em si, digo pra quem me pergunta que se eu tivesse dez filhos, seriam todos de parto normal. Comparo-o a um evento agudo: são horas que se arrastam, mas são horas! Gerar por nove meses para parir em horas, dá pra levar, não dá? Dá! E posso dizer com todas as letras: vale cada minuto!!!"

terça-feira, 26 de agosto de 2014

RELATO DO NASCIMENTO DO DAVI – Parto natural domiciliar

 Eu já conhecia a Adriana e sua família há muitos anos, e já havia acompanhado o nascimento do seu primeiro filho em 2011 (relato aqui). Quando ela engravidou do Davi, já me avisou que eu seria a doula novamente, e voltou a frequentar os encontros do GestaCascavel.

O primeiro parto foi muito tranquilo e rápido, mas não tinha sido exatamente como ela havia planejado. No centro cirúrgico, ela não pode escolher uma posição em que se sentisse confortável (teve que ficar deitada de barriga pra cima). Recebeu uma episiotomia enorme, e como a posição não ajudava muito, na hora de expulsar o bebê um dos médicos fez uma pressão forte sobre a barriga dela para “ajudar o bebê sair” (manobra de Kristeller). E todas estas intervenções desnecessárias foram feitas nos 15 minutos que ela ficou no centro cirúrgico...

Para o segundo parto, ela já sabia o que queria. Chegou a cogitar um parto domiciliar, mas o Adriano (marido!) não achou que estava seguro o suficiente ainda, quem sabe no terceiro filho... =D Então, os planos dela eram: me chamar (rs!), trocar de obstetra, contratar uma enfermeira obstétrica para ficar conosco em casa monitorando os batimentos cardíacos do Davi e o andamento do parto, e ir para a maternidade encontrar o obstetra quando já estivesse com a dilatação bem avançada (mais ou menos 8 cm). Mas a natureza tem seus planos...

No sábado (dia 26/07/14), a Adri estava com 37 semanas e 6 dias, e sentiu que tinha algo diferente. Sentia uma “dorzinha no pé da barriga”, parecida com cólicas, mas ainda nada parecido com contrações. Ela e a família foram à Missa, depois saíram pra comer um cachorro-quente, foram pra casa e deitaram cedo pra dormir.

À 1:30h da manhã ela acordou com a mesma dorzinha na barriga, e achou que fosse vontade de ir ao banheiro. Levantou, foi ao banheiro, mas nada. Voltou a deitar, e achou que fosse culpa do cachorro-quente (RS!). Mas as coliquinhas foram aumentando, ficando mais frequentes, até que às 2:25h ela não conseguiu mais ficar na cama e levantou pra me ligar. “Mari, eu ACHO que estou em trabalho de parto, porque estou tendo umas contrações bem seguidas!”. Perguntei sobre o intervalo e a duração, mas ela não soube me dizer. Então orientei ela a ligar pra Honielly (enfermeira obstétrica) e depois me ligasse novamente, pra eu saber se deveria ir pra casa dela ou se encontraria ela direto no hospital.

A Honi pediu pra que ela fosse para o chuveiro e monitorasse as contrações por meia hora e ligasse novamente. O Adriano anotava, e ela falava quando elas começavam e paravam. Nessa hora, a Adri lembrou que não havia preparado a mala pra maternidade ainda! Entre uma contração e outra, foi explicando pro Adriano o que era pra pegar. Mas um tempinho depois ela já não conseguia mais pensar em nada, a não ser nas contrações e na dor nas costas que estava sentindo! (ela teve algumas crises de lombalgia durante a gestação, e quando as contrações apertaram, ela sentiu novamente).

Antes que a meia hora que a Honi pediu passasse, a bolsa rompeu, e a contrações ficaram bem mais intensas. O Adriano ligou pra mim e pra Honi avisando às 3:07h. Eu já havia deixado minhas coisas prontas, então só me vesti e saí de casa. Como moro muito perto da casa deles, cheguei bem rápido, às 3:20h. O Adriano desceu abrir o portão pra mim, e me recebeu dizendo: “acho que não vai precisar da bola, ela está falando que vai nascer...” (assim, com essa calma!).

Larguei minha bolsa e minha bola na sala e subi as escadas correndo. Ela estava no chuveiro, com aquela respiração que só conhece quem já acompanhou uma mulher dando à luz! A Adri me disse: “Mari, estou sentindo ele aqui embaixo!”. Pedi licença pra olhar, me abaixei, e vi cabelinhos! Não daria pra ir pro hospital meeeeesmo, ia nascer em casa, embaixo do chuveiro. =D Perguntei pro Adriano se a Honielly já estava vindo, ele disse que sim. Então avisei ele: “Adri, o Davi vai nascer aqui, tá?”

Veio uma contração, a Adri disse que sentia vontade de empurrar, e eu disse a ela que tudo bem, que ele podia nascer. Fiquei abaixada ao lado dela, veio mais uma contração, ela empurrou, e ele nasceu! Inteirinho numa contração só, com o cordão enroladinho no pescoço. Coradinho, lindo, chorando... às 3:25h, com 2.970Kg, apgar 10/10 (apgar conferido pela parteira! Rs!). Com exatas 38 semanas, e trabalho de parto ativo de menos de 2 horas.

Desenrolei o cordão dele e entreguei ele no colo da Adri. Ela não cabia em si, de tanta alegria! Parecia ainda não acreditar que JÁ tinha nascido! Estava em êxtase... O Adriano também não acreditava ainda (no fundo, confesso... nem eu!). Ele me perguntou: “Mari, o que eu faço?” Eu respondi: “nada! Olha só... ele está bem, a Adri também... vai lá tirar uma foto!”. Ele foi, mas as mãos quase não obedeciam! Rs!


Liguei pra Honielly às 3:27h contando pra ela que tinha acabado de nascer! Ela já estava vindo, e eu disse que ele  já estava chorando, estava tudo bem com os dois, o sangramento estava normal, e que ela podia descer do carro trazendo as caixas de material de parto (ela quase não acreditou também!!!)
Nessa hora chegou a irmã da Adriana, que eles haviam chamado pra ficar com o Lucas enquanto íamos pro hospital. Quando ela entrou em casa e ouviu um choro de bebê, pensou: “esse choro não é do Lucas!!!!”. Quando subiu, já viu a Adri com o Davi no colo!


Ajudamos a Adri a se deitar no sofá, cobrimos ela e o Davi, e ele já foi pro seio! Quando a Honi chegou, alguns minutos depois, a placenta já estava saindo. O casal decidiu ficar em casa mesmo, já que a Honi tinha consigo (por acaso!!) todo o material que seria necessário. O Adriano cortou o cordão umbilical, a Honi suturou uma pequena laceração de grau 2 no períneo e deu ocitocina intramuscular pra Adri, pesou e mediu o Davi, e pronto!


Depois que a Adrenalina acalmou (rs!), eu e a Honi fomos olhar as anotações que o Adriano fez das contrações. Quando ele começou a anotar, ela JÁ ESTAVA com 5 contrações a cada 10 minutos! Ou seja, ela já estava quase parindo! E depois ela me contou que nessa hora ela já sentia vontade de empurrar, mas não achou que JÁ estivesse na hora! Eles não chegaram a nos falar que as contrações estavam já nesse ritmo, acho que não acreditaram que estivesse evoluindo tão rápido.


Enfim... a Adriana queria um parto natural. E assim foi! Ela soube exatamente o que precisava fazer para ajudar seu filho a nascer... ouviu o seu corpo! E acreditou que conseguiria. Você é uma guerreira, minha amiga! Deus te fez uma mulher forte, você sabe disso. Agora, ainda mais... Nunca duvide de que você é capaz!

Adriano, amigo... “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos" (Pv. 16:9). É assim, não é? Era assim que tinha que ser. Parabéns por, mais uma vez, ser o apoio que sua esposa precisava. E por confiar que ela era capaz, e saberia o que fazer!

Queridos amigos, vocês são um presente de Deus na minha vida! Juntos já vivemos muitas coisas lindas, mas certamente o nascimento do Davi é um momento que vou recordar pelo resto da minha vida! Que Deus os abençoe e lhes dê amor e sabedoria para essa nova jornada, que é ser pais de dois!



quarta-feira, 30 de julho de 2014

Relato do nascimento do João Victor - parto natural domiciliar em Cascavel-PR

A Scheila sempre imaginou que ia fazer uma cesárea quando fosse ter um filho. Até ouvir histórias de partos naturais, que foram aos poucos mudando seus conceitos. Somos amigas desde 2003, e desde que me tornei doula (em 2010) sempre contei como aconteciam os partos que eu acompanhava, e ela foi se apaixonando. Quando ela engravidou, tinha certeza de que queria um parto natural. Começou a participar do GestaCascavel, apoiada pelo seu marido Nilson, que a incentivou e comprou a ideia junto com ela. Durante a gestação conversamos muito, falamos sobre o medo do parto, até que ele foi desaparecendo. Já com 8 meses, eles conheceram a enfermeira obstetra Honielly, e decidiram que o parto seria domiciliar.

Nas últimas semanas, bateu a ansiedade. Com 37 semanas ela já sentia bastante o peso na lombar, teve uma infecção no ouvido e uma crise alérgica muito forte, e sentiu vontade de desistir do parto. Pra que esperar mais??? Nessa hora, valeu muito o apoio das pessoas que estavam em volta. O marido, a mãe, o padrasto... todos lembraram-na do quanto ela havia se preparado para o parto, e do quanto ela queria que a hora do João fosse respeitada. Vale a pena esperar... Sim, vamos esperar!!

Com 39 semanas e 4 dias, às 20:20h da noite do dia 21/01/14, recebi a ligação tão esperada: a bolsa havia rompido!!!! =D As contrações ainda não haviam começado, então orientei ela a jantar, tomar um banho bem quentinho e ir deitar cedo, pra descansar, pois a qualquer momento o trabalho de parto iniciaria. Avisamos a Honielly, eu fui deitar, e disse que ela poderia me chamar assim que sentisse que precisava de ajuda. Mas quem disse que ela conseguiu dormir??? Rs! As contrações começaram por volta da 1:00h, ainda como cólicas, mas já desconfortáveis. Quando ela me ligou novamente eram 5:17am, ela ainda não tinha conseguido dormir. 


Cheguei junto com a Honi lá, as contrações ainda estavam espaçadas (a cada 4 minutos), e ela quis que fosse feito um toque: 3 cm de dilatação. Então, orientamos ela a se deitar e apagar a luz, pra tentar cochilar um pouco nos intervalos. O marido dela ficou com ela no quarto, e eu, a mãe dela, a Honi e a Heni fomos pra sala dormir (no sofá, coisa linda de ver! Rs!).

As contrações deram uma espaçada, o que foi ótimo, pois assim ela conseguiu descansar um pouco. Perto das 8h da manhã a mãe dela levantou pra fazer um café, eu fui comprar pão, e quando voltei, percebi que a Scheila estava novamente respirando mais forte durante as contrações, que tinham ritmado novamente. Fui no quarto, ela já estava sentada, dizendo que ficar deitada já estava ruim. Fomos pra mesa tomar um café da manhã, ela comeu, conversou, e se mostrava muito tranquila durante todo o tempo. Estava realmente feliz por estar em trabalho de parto... afinal, as contrações tão esperadas estavam acontecendo! Fomos sentar no quintal, ela ganhou massagem na lombar, curtiu o sol (que estava maravilhoso), e as contrações vinham suaves.

A Honielly fez um novo toque às 9h da manhã, e constatou que já havia 6 cm de dilatação no colo uterino. Porém... não sentia a fontanela posterior do João Victor (a “moleirinha”), sentia a testa, os olhos e o nariz! (aliás, nesse exame de toque, quando passou o dedo perto da boca do João ele MORDEU o dedo dela! Rs! Dá pra acreditar??). Significava que ele estava encaixado em uma posição não muito favorável para o nascimento, o que poderia prolongar muuuuito o trabalho de parto, ou até mesmo se tornar uma indicação de cesárea. Nesse primeiro momento, a Honi não quis assustar a Scheila, só falou pra ela que precisaríamos ajudar o João com algumas manobras, que facilitariam o encaixe e a descida dele. E assim fizemos.

Existem algumas manobras que auxiliam o bebê a “desencaixar” da pelve, o que abre uma possibilidade para que ele, ao encaixar novamente, o faça da maneira correta. Pra isso, a Scheila precisaria ficar uma hora em uma posição parecida com a de quatro apoios, mas com o peito encostado na cama, para que o quadril ficasse mais alto que o corpo, enquanto alternávamos movimentos no quadril nos intervalos entre as contrações. Se tudo desse certo, nas duas horas seguinte à manobra o João tentaria se encaixar novamente, agora do jeito certo.

Explicamos pra ela, ela concordou, e durante essa uma hora sentiu MESMO vontade de desistir, de não fazer mais manobra nenhuma. A posição não era a que ela queria naquele momento, mas ela fez um esforço graaaaaande pra conseguir ficar uma hora inteira. Quando terminamos a manobra já era quase uma hora, a Honi fez outro toque, e a dilatação e a apresentação do bebê continuavam iguais.

Nessa hora sentimos que o clima ficou tenso. Embora a apresentação de face seja muuuuuito rara (1 em cada 600 a 1200 nascimentos!), na semana anterior já tínhamos acompanhado outro caso semelhante, que acabou evoluindo pra uma cesárea. A Scheila conhecia a história da outra gestante, e sentiu tudo estava indo por água abaixo! Ela comeu alguma coisa e foi pro chuveiro, pediu pra ficar sozinha, e chorou. Depois ela me contou que viu um filme passar pela cabeça dela nessa hora... quantos planos já havia feito na vida, e sempre eles acabavam de um jeito diferente do que ela havia planejado!! Será que, MAIS UMA VEZ, ela ia sonhar com alguma coisa, e ia ter que se conformar com algo diferente??? (E, pra mim, foi nessa hora que o milagre aconteceu, hoje vejo isso!). Quando saiu do banho, com aquela expressão de desânimo, olhei bem firme nos olhos dela e disse que o caso dela era diferente: a apresentação o João estava folgada, ou seja, ele ainda tinha alguma chance pra tentar encaixar certinho (no outro caso, durante o exame de toque, a Honi sentia que o bebê não se movia nada durante a contração, e que era muuuito difícil tentar desencaixá-lo).

A Honielly sugeriu que fôssemos fazer um ultrassom, pra verificar exatamente qual era a variedade de apresentação do João, pra poder tentar alguma manobra diferente. Mas já avisou a Scheila que levasse as coisas dela e do bebê, porque, dependendo do resultado do exame, talvez já ficássemos no hospital. Lembro bem daquela hora... a Scheila entre uma contração e outra alternava roupinhas e lágrimas, e eu com o coração na mão, desejando poder fazer alguma coisa pra ajudar a resolver aquela situação... Enquanto íamos pro carro, a Scheila comentou algo sobre ter sentido vontade de empurrar durante a contração, mas ignorou, pois o último toque havia mostrado 6 cm, não era possível que já fossem puxos. Mas a vontade continuou no carro... as contrações haviam espaçado novamente com toda aquela adrenalina, mas continuavam bem intensas.

Chegamos na clínica às 14h. O obstetra dela havia chegado junto conosco e passou ela na frente das outras clientes. Antes mesmo de fazer o ultrassom resolveu fazer um exame de toque, e constatou: 8cm, e João encaixado!!!!! Nem foi preciso fazer o ultrassom. Mais uma vez ela chorou, mas agora por não acreditar no que estava acontecendo. Saímos de lá em festa! Além de poder voltar pra casa, agora ela já estava chegando perto... faltava só mais um pouco!!

Quando chegamos na casa dela, ela já sentia calor. Trocou as blusas de lã por um vestidinho de verão, colocamos umas músicas que ela gostava de colocar pro João ouvir durante a gestação (músicas de ninar da Aline Barros), e ela e o Nilson não desgrudaram mais. Namoraram, dançaram abraçadinhos, se olharam nos olhos... e as contrações voltaram a todo vapor! A avó paterna também chegou, e ficou junto com a outra vovó na cozinha, aguardando a hora do João chegar!


Enquanto a Honi e a Heni preparavam no quarto todo o material para o parto (umas 579 caixas de coisas! Rs!), a Scheila já sentia os puxos e tentava encontrar a melhor posição. Ficou um pouco em pé, tentou sentar na banqueta de parto, mas gostou mesmo da posição de quatro apoios em cima da cama. Ali no quarto deles, no ninho deles. Agora já não tinha mais medo, nem preocupações, nem nada: chegou no estágio de ACEITAÇÃO. As contrações doíam, mas ela as desejava cada vez mais, porque estava chegando a hora de conhecer o seu pequeno! “Vêm, filho... ”. As contrações vinham poderosas, com aquela força incontrolável, como ela nunca havia experimentado. E ela se entregou. Respirou fundo, apertou a mão do marido, da doula e de quem apareceu por perto!! Rs! E gritou. GRITOU. Não de desespero. Nem de dor. Eram gritos de libertação!!! Enfim, ia acontecer!!! Não, seus planos não iam dar errado de novo!! Estava chegando a hora!! Depois ela me contou que a cada grito que dava, sentia um alívio, parece que precisava daquilo!

Quando, enfim, vimos o João coroar, a Heni correu na cozinha e chamou as duas vovós, que entraram no quarto tão quietinhas que a Scheila nem percebeu sua presença (aliás, nessa hora, ela já estava na partolândia: estava tão concentrada em si mesma e no nascimento que nada que viesse de fora poderia fazê-la se distrair). Mais algumas contrações, e saiu a cabecinha... ele girou sozinho... ambiente tranquilo, ninguém com pressa, TODOS esperando que ela e o bebê fizessem aquilo sozinhos, como sua natureza mandava que acontecesse!

Até que a próxima contração viesse, expliquei pras vovós que ele não tinha risco de ficar sufocado, pois continuava recebendo oxigenação pelo cordão umbilical (porque vi a cara de preocupação delas com aquela cabecinha pra fora! Rs!)

Na próxima contração, ele escorregou para as mãos da Honi, logo ficou coradinho e chorou. Foi colocado no colo da Scheila, e de lá não saiu por um bom tempo. Nasceu às 16:15h do dia 22/07/14, com 3.380g, apgar 10/10. 

Nessa mesma hora também nasceu um pai. E uma mãe, que agora é uma nova mulher, que não tem mais medo de planejar, e acredita que seus sonhos podem se tornar realidade. E também aprendeu que, na maternidade, não dá pra controlarmos tudo... é preciso saber respeitar o tempo da criança, em todos os sentidos. Tempo para estar pronto pra nascer, tempo para depender exclusivamente da mãe, tempo para adormecer no colo, tempo para precisar de atenção integral... e assim por diante, pela vida toda!

O papai Nilson cortou o cordão. A Scheila amamentou o João na primeira meia hora.  Depois que ele adormeceu ela se levantou, foi tomar banho, e depois ganhou um café da tarde servido pelo marido na cama. Nem parecia que tinha acabado de parir.
A placenta demoroooooou pra sair (só pra deixar a parteira ligadona! rs!), aguardamos 3 horas até que ela saísse. A Scheila não tinha sangramento nenhum, o que nos permitiu aguardar o tempo que fosse necessário até a dequitação.

Houve uma laceração de grau 2 no períneo, a Honi suturou com alguns poucos pontinhos, e tudo certo. O ambiente da casa era de festa, e só saímos de lá às 9:30h da noite, depois do jantar preparado pela vovó Rosângela.


Scheila e Nilson... não sei nem expressar aqui em palavras o que vivi nesse dia. Presenciar esse momento tão maravilhoso da vida de vocês me fez amá-los ainda mais, e admirar ainda mais essa cumplicidade que vocês têm. Que Deus os abençoe em cada passo dessa deliciosa jornada que é a paternidade... e que o coração de vocês continue sempre impregnado das lembranças maravilhosas que o nascimento do João deixou! =D