sábado, 29 de novembro de 2014

Relato do parto da Márcia - 01/10/14 (escrito por ela)

Esse relato de parto é muito especial. Foi escrito por uma mãe que foi conduzida a uma cesárea na sua primeira gestação, e conseguiu encontrar os caminhos para que o nascimento do seu segundo filho fosse completamente diferente. =D A Márcia Peiter teve todos os motivos do mundo para desistir de receber seu filho naturalmente, mas decidiu ouvir aquela voz lá dentro que dizia que tudo daria certo!!!

Segue o relato escrito por ela:
 
"Em fevereiro, quando descobri que estava grávida, não me passou outra coisa pela cabeça senão: ‘dessa vez o parto será normal’. E eu sabia que teria que lutar muito por isso. Com 28 semanas, mudei de GO, após ouvir dele: ‘eu não faço essas coisas (parto humanizado) e você já tem a cicatriz da cesárea, podemos aproveita-la’. 

Na primeira consulta com o novo GO fiquei muito feliz com o apoio total ao parto humanizado, já que eu havia conversado a enfermeira obstetra Honi e a doula Mari e sabia que teria uma equipe maravilhosa para me acompanhar. Final da consulta. Aferição da PA: 160/110mmhg. Bateria de exames. Proteinúria alta. Meu plano A acabava de ir por terra: o parto domiciliar. O diagnóstico de pré-eclâmpsia me assustou muito no início, pelo fato de ter lido muito sobre hipertensão na gestação e  indicação na maioria dos casos era interrupção com 37 semanas. Mas algo sempre me dizia que tudo daria certo. 

Com 36 semanas, fiquei 3 dias internada para monitorar a PA, que se manteve 14/9 com medicação. As próximas semanas se tornaram uma tortura, pois se a qualquer momento a pressão subisse acima desse valor, seria novo internamento+cesárea. Tudo se manteve sob controle até 39 semanas e foi quando a proteinúria aumentou muito. Naquela sexta-feira, com 39+3, eu havia decidido juntamente com a equipe induzir o PN, mesmo meu GO sempre insistindo que seria um procedimento arriscado. Seria iniciada a indução no sábado, com a preparação mecânica do colo. 

No sábado quando acordei, algo me dizia que deveria esperar, e seguindo minha intuição, remarquei para segunda. Passei o final de semana torcendo para que se iniciasse o PN sem nenhuma intervenção, e nada de contrações. Plano B por terra também: PN sem indução. Antes de por a sonda, um toque foi realizado e 3cm de dilatação constatado!! Era o Bernardo dando sinal de que a hora estava chegando! A sonda foi colocada mesmo sem expectativa que iria dar certo (na verdade ela é colocada para alcançar 3cm). E realmente não deu certo!! (ufa) Não precisou dela... Na terça a noite, com 40 semanas completas, novo toque pela Honi em casa e para nossa surpresa: 8 cm!! Não acreditamos. Vibramos. Depois de 2 dias de contrações espaçadas e sem ritmo, ali eu soube que estava em TP, com 3 contrações a cada 10 minutos. 

Com ‘calma’ (se é que a ansiedade permitia) nos preparamos, eu e o Everton, e fomos para o hospital às 22h30. A Julinha ficou com a vó em casa. Muitas contrações no caminho recepção-quarto. Fui para o chuveiro e mesmo com a bola não achei uma posição confortável. A meia-noite tive vontade de fazer força, era a fase expulsiva se iniciando. Perda do tampão mucoso. Contrações cada vez mais fortes, e eu aprendendo à aceita-las. 
Honi e Márcia (com 8cm!!) na recepção do hospital

Movimentos com o quadril


Pai presente ajudando sua esposa 


















A Mari ficou o tempo todo comigo e me dizia para chama-las, que eram elas (contrações) que trariam o Be pra mim. Novo toque e 10 com, dilatação total! Fui para a banqueta de parto, depois para a cama de 4 apoios, mas nenhuma posição era confortável. Nessa hora o Dr. Juliano foi chamado. A cada contração, eu esmagava a mão do Everton, que o tempo todo me deu apoio, mesmo se sentindo um pouco deslocado em meio ao processo. Mal sabia ele a importância para mim da sua presença ali, sua participação na vinda do nosso pequeno ao mundo! 


Já era quase 2 horas da manhã, e eu podia sentir a cabeça dele no canal de parto. Empelicado! Ele nasceria dentro da bolsa! Como a progressão do expulsivo começou a parar, decidimos por romper a bolsa e mais algumas contrações, na banqueta de parto, senti o famoso círculo de fogo e conheci a partolândia. Não vi mais ninguém no quarto (depois que notei a presença de enfermeiras assistindo o parto normal que é raridade rsrsrs) e às 2h09 o mais esperado chegou! Foi direto para o meu colo, com o papai atrás de mim, e ali ficamos em êxtase abraçados! ‘Nosso pequeno nasceu! Nosso Bernardinho!’, o Everton falava no meu ouvido. 

Cabecinha do Bernardo já estava de fora, Dr. Juliano e Honielly aguardando a próxima contração para segurá-lo
Momento SAGRADO de imprinting, reconhecimento... 


Primeira mamada do lindinho
O cordão foi cortado quando parou de pulsar e enquanto ele recebia alguns cuidados no berço aquecido (sem aspiração e nitrato de prata, à nosso pedido) minhas pequeninas lacerações, duas, foram suturadas. Nesse momento não existia mais dor, tudo foi embora. Minutos depois, nasce a placenta. Peguei meu pequeno no colo, aconcheguei, namorei, e ele mamou por mais de uma hora. 







Sensação de dever cumprido, de respeito pelo nascimento, de gratidão por tudo o que havia acontecido antes, durante a após o parto. Agradeço imensamente as pessoas lindas que me apoiaram: Honi, Mari, Juliano, Everton... Não cheguei ao plano D – cesárea- e nem o plano C foi necessário – indução e digo depois de me empoderar muito: pré-eclâmpsia, desde que bem assistida, não significa cesárea!. O Bernardo chegou no seu tempo, em um ambiente cheio de ocitocina, pouca luz, quentinho, como todos os anjos deveriam ser recebidos!"
Pura gostosura!!

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