Eu já conhecia a Adriana e sua família há muitos anos, e já havia
acompanhado o nascimento do seu primeiro filho em 2011 (relato aqui). Quando ela engravidou do Davi, já me avisou que eu seria a
doula novamente, e voltou a frequentar os encontros do GestaCascavel.
O primeiro parto foi muito tranquilo e rápido, mas não tinha
sido exatamente como ela havia planejado. No centro cirúrgico, ela não pode
escolher uma posição em que se sentisse confortável (teve que ficar deitada de
barriga pra cima). Recebeu uma episiotomia enorme, e como a posição não ajudava
muito, na hora de expulsar o bebê um dos médicos fez uma pressão forte sobre a
barriga dela para “ajudar o bebê sair” (manobra de Kristeller). E todas estas
intervenções desnecessárias foram feitas nos 15 minutos que ela ficou no centro
cirúrgico...
Para o segundo parto, ela já sabia o que queria. Chegou a
cogitar um parto domiciliar, mas o Adriano (marido!) não achou que estava
seguro o suficiente ainda, quem sabe no terceiro filho... =D Então, os planos dela
eram: me chamar (rs!), trocar de obstetra, contratar uma enfermeira obstétrica
para ficar conosco em casa monitorando os batimentos cardíacos do Davi e o
andamento do parto, e ir para a maternidade encontrar o obstetra quando já
estivesse com a dilatação bem avançada (mais ou menos 8 cm). Mas a natureza tem
seus planos...
No sábado (dia 26/07/14), a Adri estava com 37 semanas e 6
dias, e sentiu que tinha algo diferente. Sentia uma “dorzinha no pé da barriga”,
parecida com cólicas, mas ainda nada parecido com contrações. Ela e a família
foram à Missa, depois saíram pra comer um cachorro-quente, foram pra casa e
deitaram cedo pra dormir.
À 1:30h da manhã ela acordou com a mesma dorzinha na
barriga, e achou que fosse vontade de ir ao banheiro. Levantou, foi ao
banheiro, mas nada. Voltou a deitar, e achou que fosse culpa do cachorro-quente
(RS!). Mas as coliquinhas foram aumentando, ficando mais frequentes, até que às
2:25h ela não conseguiu mais ficar na cama e levantou pra me ligar. “Mari, eu
ACHO que estou em trabalho de parto, porque estou tendo umas contrações bem
seguidas!”. Perguntei sobre o intervalo e a duração, mas ela não soube me
dizer. Então orientei ela a ligar pra Honielly (enfermeira obstétrica) e depois
me ligasse novamente, pra eu saber se deveria ir pra casa dela ou se
encontraria ela direto no hospital.
A Honi pediu pra que ela fosse para o chuveiro e monitorasse
as contrações por meia hora e ligasse novamente. O Adriano anotava, e ela
falava quando elas começavam e paravam. Nessa hora, a Adri lembrou que não
havia preparado a mala pra maternidade ainda! Entre uma contração e outra, foi
explicando pro Adriano o que era pra pegar. Mas um tempinho depois ela já não
conseguia mais pensar em nada, a não ser nas contrações e na dor nas costas que estava sentindo!
(ela teve algumas crises de lombalgia durante a gestação, e quando as
contrações apertaram, ela sentiu novamente).
Antes que a meia hora que a Honi pediu passasse, a bolsa
rompeu, e a contrações ficaram bem mais intensas. O Adriano ligou pra mim e pra
Honi avisando às 3:07h. Eu já havia deixado minhas coisas prontas, então só me
vesti e saí de casa. Como moro muito perto da casa deles, cheguei bem rápido,
às 3:20h. O Adriano desceu abrir o portão pra mim, e me recebeu dizendo: “acho
que não vai precisar da bola, ela está falando que vai nascer...” (assim, com
essa calma!).
Larguei minha bolsa e minha bola na sala e subi as escadas
correndo. Ela estava no chuveiro, com aquela respiração que só conhece quem já
acompanhou uma mulher dando à luz! A Adri me disse: “Mari, estou sentindo ele
aqui embaixo!”. Pedi licença pra olhar, me abaixei, e vi cabelinhos! Não daria
pra ir pro hospital meeeeesmo, ia nascer em casa, embaixo do chuveiro. =D Perguntei pro Adriano se a Honielly já estava vindo, ele
disse que sim. Então avisei ele: “Adri, o Davi vai nascer aqui, tá?”
Veio uma contração, a Adri disse que sentia vontade de
empurrar, e eu disse a ela que tudo bem, que ele podia nascer. Fiquei abaixada
ao lado dela, veio mais uma contração, ela empurrou, e ele nasceu! Inteirinho
numa contração só, com o cordão enroladinho no pescoço. Coradinho, lindo,
chorando... às 3:25h, com 2.970Kg, apgar 10/10 (apgar conferido pela parteira! Rs!). Com exatas 38 semanas, e trabalho de parto ativo de menos de 2 horas.
Desenrolei o cordão dele e entreguei ele no colo da Adri.
Ela não cabia em si, de tanta alegria! Parecia ainda não acreditar que JÁ tinha
nascido! Estava em êxtase... O Adriano também não acreditava ainda (no fundo, confesso...
nem eu!). Ele me perguntou: “Mari, o que eu faço?” Eu respondi: “nada! Olha
só... ele está bem, a Adri também... vai lá tirar uma foto!”. Ele foi, mas as mãos
quase não obedeciam! Rs!
Liguei pra Honielly às 3:27h contando pra ela que tinha
acabado de nascer! Ela já estava vindo, e eu disse que ele já estava chorando, estava tudo bem com os
dois, o sangramento estava normal, e que ela podia descer do carro trazendo as
caixas de material de parto (ela quase não acreditou também!!!)
Nessa hora chegou a irmã da Adriana, que eles haviam chamado
pra ficar com o Lucas enquanto íamos pro hospital. Quando ela entrou em casa e
ouviu um choro de bebê, pensou: “esse choro não é do Lucas!!!!”. Quando subiu,
já viu a Adri com o Davi no colo!
Ajudamos a Adri a se deitar no sofá, cobrimos ela e o Davi,
e ele já foi pro seio! Quando a Honi chegou, alguns minutos depois, a placenta
já estava saindo. O casal decidiu ficar em casa mesmo, já que a Honi tinha
consigo (por acaso!!) todo o material que seria necessário. O Adriano cortou o cordão umbilical, a Honi suturou uma pequena laceração de grau 2 no períneo e deu ocitocina intramuscular pra Adri, pesou e mediu o Davi, e pronto!
Depois que a Adrenalina acalmou (rs!), eu e a Honi fomos
olhar as anotações que o Adriano fez das contrações. Quando ele começou a
anotar, ela JÁ ESTAVA com 5 contrações a cada 10 minutos! Ou seja, ela já
estava quase parindo! E depois ela me contou que nessa hora ela já sentia
vontade de empurrar, mas não achou que JÁ estivesse na hora! Eles não chegaram a nos falar que as contrações estavam já nesse ritmo, acho que não acreditaram que estivesse evoluindo tão rápido.
Enfim... a Adriana queria um parto natural. E assim foi! Ela
soube exatamente o que precisava fazer para ajudar seu filho a nascer... ouviu
o seu corpo! E acreditou que conseguiria. Você é uma guerreira, minha amiga! Deus te fez uma mulher
forte, você sabe disso. Agora, ainda mais... Nunca duvide de que você é capaz!
Adriano, amigo... “O coração do homem traça o seu caminho,
mas o Senhor lhe dirige os passos" (Pv. 16:9). É assim, não é? Era assim
que tinha que ser. Parabéns por, mais uma vez, ser o apoio que sua esposa
precisava. E por confiar que ela era capaz, e saberia o que fazer!
Queridos amigos, vocês são um presente de Deus na minha
vida! Juntos já vivemos muitas coisas lindas, mas certamente o nascimento do
Davi é um momento que vou recordar pelo resto da minha vida! Que Deus os
abençoe e lhes dê amor e sabedoria para essa nova jornada, que é ser pais de
dois!
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