quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Como vencer o medo do parto?

Quando se questiona pra uma gestante por que ela quer fazer cesárea, a resposta muitas vezes é essa: "eu até queria parto normal, mas tenho muito medo!". Medo de sofrer, de doer muito, de morrer, de não conseguir... Não é a intenção desse post, mas se fôssemos falar em riscos, já está mais do que comprovado que deveríamos ter medo é de passar pela cirurgia cesariana, e não pelo parto. Então, discutiremos a questão do MEDO DA DOR DO PARTO.



Por medo de entrar em trabalho de parto, por exemplo, muitas mamães acabam concordando com cesáreas agendadas às 37 semanas, ignorando todos os riscos que podem vir dessa decisão. Eu fico me perguntando: De onde vem esse medo? Aqui poderíamos enumerar várias causas.

Uma delas, sem dúvida, são as histórias de partos sofridos que a mulher já ouviu ou presenciou na vida. Quando se fala em parto normal, sempre tem uma tia, ou avó, ou a própria mãe, pra contar de algum parto que levou um dia inteirinho, a mulher sofreu pra caramba, e todos os vizinhos podiam ouvir os gritos da parturiente. A mídia também presta um "desserviço" à todas nós quando exibe aquelas cenas de parto normal com a mulher descabelada, gritando, mais parecendo um filme de terror.



Essa imagem de que trabalho de parto tem que ser sofrido, doloroso, acaba aumentando ainda mais o medo da gestante, que inclusive pode ter mais dificuldades no parto se não estiver segura e tranquila.



Mas o fato é: TER MEDO DO QUE É DESCONHECIDO É NORMAL. Sempre sentimos aquele "frio na barriga" quando precisamos passar por uma situação diferente: uma entrevista de emprego, aprender a dirigir, falar pra um público desconhecido... A mulher que gesta seu primeiro filho tem todo o direito de sentir inseguranças em relação à chegada de seu bebê, pois mesmo que já tenha ouvido outras mães explicando o que é uma contração, ela só vai poder saber mesmo quando experimentar uma.



Outra explicação seria a associação que fazemos sempre entre DOR x SOFRIMENTO. É claro que a grande maioria das mulheres que passaram por um parto normal relatam terem sentido dores, mas nem todas relatam o sofrimento. Como assim? Uma dor de pedra no rim, por exemplo, é uma "dor sem sentido". Não vai servir pra nada, então causa sofrimento sim. Já a dor de uma contração pode ser encarada de outra forma: não é uma doença que a está causando, nem é um sinal do corpo de que tem alguma coisa errada. É uma dor de vida, de nascimento, que tem uma causa. Lembrar durante as contrações o porquê de estar passando por elas ajuda muito a se tranquilizar: "é pelo meu bebê!". O sentido muda completamente. Posso afirmar tranquilamente que tive, sim, dor no meu parto, mas em momento algum eu sofri com isso. Eu sabia exatamente porque tudo estava acontecendo.



Então, o que fazer? Uma alternativa importante é SE INFORMAR. Muito, sobre tudo que for possível. Como se inicia o trabalho de parto, quais suas fases, o que acontece em cada uma delas, que meios existem para ajudar a controlar a dor... Lembro muito bem de ter ouvido várias vezes no fim da minha gestação a mesma pergunta: "Mas você não tem medo do parto?". Sempre respondi que não, e realmente não tinha. Acho que já tinha lido tanto, pesquisado muito, participava da lista de discussão do GestaParaná... que o assunto parto já não era novidade pra mim. Eu sabia que as contrações viriam como ondas, que vem e vão, sabia que teria um tempo entre elas pra descansar, pra me concentrar... Sabia como seria a evolução do parto... E isso tudo me ajudou a desmanchar aquela "nuvem negra" que fica na nossa mente quando estamos pra pisar em um terreno desconhecido. Eu sabia o que aconteceria, então estava tranquila.



Um cuidado importante aqui é saber onde buscar essas informações. Ouvir as histórias da vizinhança sobre os sofridos partos de algumas décadas atrás pode acabar atrapalhando ao invés de ajudar. A gestante precisa sim ler muitos relatos de parto, mas de partos "que deram certo"! Hoje (graças a Deus!) temos diversos sites e blogs que tratam do assunto com uma visão super humanizada, mostrando que o parto pode (e deve!) ser guiado pelo próprio corpo da mulher e pelo bebê. O conceito de "Parto Ativo" é justamente isso: mas não tem como uma gestante que nem sabe o que está acontecendo conseguir ser ativa no seu parto. Vai acabar sendo comandada pela equipe, e vai ter um "parto normal" do jeito que se ouve por aí.



E, no fim das contas, faz muita diferença tudo isso? SIM. O parto é um evento completamente regulado por hormônios, e estes são modulados também pelo estado de medo e ansiedade. De outra forma: quando mais medo se sente, mais dor, que trará mais medo... e vira um ciclo vicioso. Então, estar tranquila pode, SIM, determinar um trabalho de parto menos dolloroso e mais rápido.

Tem uma palavra que define isso (e até tempos atrás eu achava meio "agressiva", mas hoje entendo o que ela quer dizer): EMPODERAMENTO. No "mundo materno" significa tomar para si as decisões, significa não esperar que outras pessoas façam por você o que só você deve fazer.



Então, querida gestante, é importante: leia, se informe, pergunte, peça ajuda, busque grupos de apoio ao parto... Quanto mais você, gestante, estiver "empoderada", quanto mais acreditar que o seu corpo é capaz de parir o bebê que ele mesmo gerou, mais tranquila e menos medo vai sentir! Logo, menos dor.


Pra quem quer começar a "se empoderar", segue a listinha dos sites que me ajudaram nesse processo:






Tem mais nos sites que eu sigo, e muitos outros que tem crescido bastante nesses últimos anos.

Vencer o medo do parto é possível...

Empoderar-se faz a diferença!



Imagem: daqui

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