quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Relato de Parto da Solaine - Final

Às 19:30h houve troca de plantão e o Dr. Juliano veio avaliar a Sol. Ela já estava com dilatação total, mas com a bebê ainda bem alta em pelve. O Dr. Pediu pra ela ir pra bola um pouco e tentar movimentar o quadril, pra ajudar a descida da bebê, e ela foi. Quase 40 minutos depois o médico avaliou novamente, e a apresentação tinha descido só um pouquinho... Ele pediu então que ela se deitasse e passasse a fazer força durante as contrações, pra tentar “ajudar” a descida. Explicou algumas vezes, pediu que ela fizesse mais força (que a essa altura ela já quase não tinha), e disse pra levarem ela pro centro cirúrgico (já eram quase 20:30h). Subimos eu e o Joce junto.


Nessa hora o Dr. Juliano foi bem incisivo com a Sol, disse que precisava da ajuda dela naquele momento pois o bebê não poderia ficar muito tempo ali no canal do parto. Quando ele disse isso, acho que ela reuniu todas as forças pra ajudar na expulsão. Mas naquela posição, deitada com as pernas pra cima, toda a força do mundo ainda não seria suficiente. Ele insistiu mais algumas vezes, e por fim auxiliar com o fórceps (pra isso, fez uma “super” episiotomia).


E às 21:10h do dia 01/04/11 nasceu a coisinha mais linda desse mundo: a Isabelly! Nasceu de olhinhos abertos, com quase 3 quilos, 47 cm, apgar 9 e 10. Chorou um pouquinho só pra avisar que estava tudo bem, e logo foi levada para os primeiros cuidados. A Sol só a conheceu depois de quase meia hora, e não pôde amamentá-la na sala ainda porque estava deitada sendo suturada. E, apesar de tuuuuuuuuuudo isso, ainda na sala do centro cirúrgico disse que vai ter o próximo filho de parto normal também. (Mas vai ser diferente, né, Sol?) Ainda fiquei com ela no quarto um tempo depois até que ela conseguisse amamentar direitinho.


Isabelly com 3 dias de vida e carinha de assustada! rs!

Cheguei em casa exausta fisicamente (esqueci que precisava comer e ir ao banheiro nas 14 horas que fiquei com ela) e emocionalmente também. O fato de minha ligação com a Solaine ser assim tão estreita me fez “sentir” muito do que ela estava vivendo... me envolvi tanto que precisei me esforçar pra não desanimar quando ela ficou com a progressão do trabalho de parto mais lenta, no hospital. Tá, vou confessar aqui, até cheguei a pensar: “será que é isso mesmo que eu quero pra minha vida?”.


Além disso, esse foi o primeiro dia da vida da minha filhota que passei longe dela. Quando saí de manhã ela estava dormindo, e me doeu o coração quando cheguei (quase 23:00h) e ela já estava dormindo (alguém vai rir se eu disser que chorei?).



Mas, no outro dia, tive a certeza que eu precisava. Fui visitar a Sol no hospital, e perdi as contas de quantas vezes ela e o Joce me agradeceram pelo apoio, “pelo que eu fiz” (eu???). Eles disseram que, se não fosse a minha presença ao lado deles, sempre calma e tranquila (por fora! Rs!), eles teriam se desesperado e não saberiam o que fazer, nem como agir. Falaram que a experiência teria sido muito mais difícil se não me tivessem ali o tempo todo pra dizer que tudo que estava acontecendo era mesmo normal, que era assim mesmo, que tudo estava sob controle. A minha pontinha de dúvida foi embora na hora: é isso SIM que eu quero!


E, na verdade, acho que esse é o trabalho da doula: dar só o “apoio”. Como dizia um conto que li sobre o parto, a parturiente precisa atravessar essa longa ponte pra tornar-se mãe, e deve fazê-lo por si mesma. Posso ficar lá embaixo apoiando, dando força, segurando a mão dela, mas quem vai caminhar é ela. É claro que você teria conseguido sem mim, Sol... foi você a guerreira dessa história. Foram 20 horas de trabalho de parto, e não vi você querer desistir em nenhum momento.

Já que o relato já ficou enorme mesmo, vou aproveitar pra fazer minhas considerações. Acredito que o parto da Sol não precisava ter sido assim tão cheio de intervenções e tão longo. O final dessa história poderia ter sido diferente: se tivéssemos ficado mais tempo em casa, onde ela estava se sentindo mais segura e tranqüila; se houvesse um lugar acolhedor pra recebê-la no hospital assim que ela foi admitida, pois a insegurança certamente interferiu no processo; se houvesse um quarto com mais privacidade, onde ela pudesse ficar só, ou comigo e o marido, pois a sensação de ser observada também atrapalhou muito. (em tempo, esqueci de contar lá em cima: pouco antes de ela entrar pro centro cirúrgico, apareceu uma professora do curso de técnico de enfermagem e perguntou pra ela se as 4 alunas dela que estavam de estágio poderiam assistir o parto dela... aff... a Sol concordou, e depois que a professora saiu ainda questionei, dizendo que, se ela não quisesse, não precisava... mas ela decidiu deixar assim mesmo. Imaginem a cena dentro do centro cirúrgico: obstetra, enfermeira, pediatra, outra enfermeira circulante na sala, eu, o marido, a professora e mais 4 alunas... AFF!)

Assim que a vida agitada de mãe-mulher-trabalhadora da Sol permitir, ela vai escrever a versão dela e eu posto aqui, pra vocês conhecerem o lado dela também!


Isabelly com 1 mês e meio, linda de viver!!


(OBS: daqui a algumas semanas eu e meu marido iremos levar a Isabelly pra ser batizada, e quando ela crescer vou poder falar pra ela que a madrinha viu ela nascer! Hehehe!)

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