segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Relato do Parto da Solaine - Parte I

Pra começo de história, já vou justificar aqui a divisão em partes deste relato. Ele ficou mesmo longo, mas não teria como contá-lo senão da forma como foi, “nos mínimos detalhes”. Estou escrevendo ele quase 4 meses depois, mas lembro ainda de cada instante. E digo porque: a Solaine (entre os amigos é a “Sol”) é, pra mim, uma irmã. Apesar de ser alguns meses mais velha do que eu, ela é a irmã mais nova do meu marido, então sempre tive ela assim pra mim, muito mais que uma cunhada, como minha “irmã mais nova”.


Eu, a minha Fernandinha e a Tia Sol, 3 dias antes da Isabelly nascer

Quando eu fiz o curso de doula, ela já estava gestando (acho que estava de 3 meses?), e logo tratamos que eu acompanharia o parto dela. Ela queria ter um parto normal, mas não escondia que tinha muito medo da dor e do processo todo em si. Como ela não tinha tempo pra fazer pesquisas na internet (trabalhava muuuuito), eu imprimia tudo que recebia e achava interessante. Passei a gestação dela todinha levando textos pra ela ler sobre amamentação, educação de filhos, parto, relatos de parto, blá blá blá...

Ela acabou entrando de licença do trabalho aos 8 meses, por conta de algumas infecções urinárias que insistiam em não melhorar, e a médica dela deixou claro que o parto poderia se antecipar por conta disso. E, de fato, quando ela estava com 36 semanas e alguns dias ela me ligou de manhã contando que tinha percebido uma umidade diferente quando foi ao banheiro. Pela descrição, eu percebi que era o tampão mucoso. Expliquei que esse era um sinal de que o trabalho de parto estava se aproximando, mas poderia levar ainda algumas horas ou algumas semanas, não há uma regra. Naquela mesma tarde ela tinha consulta, e a médica confirmou que era mesmo o tampão, e que o colo do útero já estava mais macio. O parto estava mesmo chegando.

No outro dia já levei minha bola suíça pra casa dela, e fizemos nossa “consulta pré-parto”. Ensinei algumas posições pra usar durante as contrações, alguns exercícios, falamos sobre as fases do trabalho de parto... Várias coisas já havíamos conversado durante a gestação, mas agora tinham um sentido direferente, então voltamos a conversar. Ela já se mostrou muito mais confiante e tranqüila, estava bem mais informada sobre tudo.

No dia 31/03/11 à noite (3 dias depois do tampão) a Sol percebeu uma manchinha de sangue na calcinha. Eu havia passado a tarde na casa dela, e tinha enfatizado que ela podia me ligar se precisasse de qualquer coisa, mas ela preferiu esperar. Ela contou que foi dormir, e mais ou menos à uma hora da manhã começou a sentir umas “cólicas”, que estavam ritmadas. Levantou várias vezes pra ir ao banheiro, tentou dormir, mas apesar de o desconforto não estar tão grande, não conseguiu. Mais ou menos às 4 da manhã as cólicas já eram mais fortes, a obrigavam a mudar de posição e respirar profundamente pra aliviar.

Eu só soube que ela estava em trabalho de parto às 7:15h da manhã, quando a minha sogra (elas moravam juntas) me ligou avisando. Disse que ela estava sentindo bastante as contrações, mas estava muito tranqüila, estava no chuveiro tomando um banho quentinho. Eu estava me arrumando pra ir dar aula na faculdade, disse que iria passar na casa delas primeiro, e conforme ela estivesse eu cancelaria a aula.

Quando cheguei lá, ela estava ainda no chuveiro. Chamei meu cunhado pra ter uma conversa (não deu tempo de conversar antes! Rs!), já que eles haviam decidido que ele não iria trabalhar e ficaria com ela durante todo o trabalho de parto. Eu disse que ele seria o “porto-seguro” dela, e que a calma e a tranqüilidade dele dariam força pra ela. Que ele não se assustasse se ela precisasse ficar sozinha, ou ficasse nervosa, ou vomitasse, ou tivesse pequenas perdas de sangue... O papel dele seria de se manter calmo e paciente, mostrando pra ela que ele estava ali junto vivendo a chegada da filha deles.

Logo que a Sol saiu do chuveiro ela disse que estava muito bem, que as contrações não estavam tão difíceis, e disse que eu podia ir pra faculdade. Não quis de jeito algum que eu desmarcasse, então combinamos que eu daria só uma hora de aula (o normal seria 1h e 40 min) e voltaria ficar com ela. Saí quase 8 horas, dei aula até as 9 e dispensei os alunos. Quando voltei me recordo bem da cena: ela estava muito tranqüila na sala sentada na bola, movimentando o quadril, enquanto secava o cabelo.

Últimas fotos da Isabelly na barriga da mamãe Sol!


O Joce (marido dela) estava com um papel e caneta na mão anotando as contrações, e me passou o “relatório”: estavam de 6 em 6 minutos, durando uns 40 segundo cada. Decidimos ficar mais um tempinho em casa. A essa altura as contrações já estavam mais desconfortáveis, e eu ensinei o Joce a fazer a massagem na lombar e no sacro pra ajudar a aliviar, e também a pressão nos ossos do quadril. A Sol ainda terminou de arrumar as coisas dela pra levar pro hospital, foi com o Joce dar uma caminhada em volta da casa... parecia super à vontade, e muito tranqüila. Minha sogra estava lavando roupas, e (se eu a conheço bem!) devia estar com o coração na mão... Rs!

Por volta das 10 horas da manhã as contrações já vinham de 5 em 5 minutos, e eram um pouco mais doloridas. A mãe dela começou a perguntar a que horas eles iriam pro hospital, será que já não estava na hora de ir... talvez com um pouco de medo (do bebê nascer, será? =). Disse pra Sol que havia bastante tempo ainda, mas se ela quisesse ir, a decisão era dela. Ela achou melhor ir pro hospital.


Saindo de casa, paradinha pra "curtir" uma contração


(continua no próximo post)

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