sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Relato do Parto da Adriana



A Adriana e o marido dela, Adriano, são meus amigos há mais ou menos uns 10 anos. Nos conhecemos no ano que eu entrei na faculdade, e desde então considero-os como irmãos meus. São uma fofura de casal, feitos uns para o outro (como o próprio nome deles indica! Rs!).

Eles desejavam muito ter um filho, e há 6 anos (repare, são ANOS mesmo!) ela fazia tratamentos pra tentar engravidar. Aconteceu até um fato interessante: nos chás de bebê aqui da região tem uma “brincadeira” de ir fazendo uma bola com os papéis dos presentes que vão sendo abertos. Quando termina, a bola vai passando por cada uma das mulheres presentes, e cada uma tira um papel. Quando chega no último papel, a mulher que estiver com ele será a próxima a engravidar (diz a lenda! Rs!). E no meu chá de bebê, a Adri é que ficou com o último papel. E não é que um ano e meio depois ela engravidou? (não, eu não acredito em superstições... RS! Coincidência?)

Soube da gravidez um dia que levei a minha filha pra brincar no shopping e encontrei a Adri lá, já estava de 4 meses. Ela me contou com um sorriso enorme nos lábios, estava radiante, como é de se esperar. Ela me contou que desejava ter um parto normal, e a essa altura eu já havia feito o curso de doula. Falei que estava organizando um curso para gestantes aqui em Cascavel, e fiquei de ligar quando iniciasse. Fui no chá de bebê dela também, e lá combinamos que eu iria acompanhar o parto dela.

Ela estava fazendo faculdade, e só conseguiu ir a um encontro do GestaCascavel quando já estava com 36 semanas!! Ela e o marido, ambos desejavam que o nascimento do Lucas acontecesse da maneira mais normal possível. Ela ainda foi em mais uma reunião, já com 38 semanas, e até brincamos que talvez até na próxima o Lucas já teria nascido. Nesse dia fui levá-la em casa e entrei conhecer o quarto do Lucas, e também acertamos mais alguns detalhes sobre o parto, que ela planejava normal hospitalar.

A reunião do GestaCascavel foi na terça. Na quinta-feira, dia 21 de julho (ela estava de 38 semanas e 6 dias), ela me ligou às 23:30h, dizendo que estava sentindo algumas “cólicas”, e que tinha percebido uma manchinha de sangue na calcinha. As cólicas estavam regulares, mas ainda não intensas. Disse pra ela que era mesmo trabalho de parto (TP), pra que ela ficasse tranqüila, comesse alguma coisa e tentasse dormir. E que quando as contrações ficassem mais incômodas, ela podia me ligar que eu iria até a casa dela. Fui deitar, e lembro até que pensei: “vou precisar desmarcar a aula de amanhã!” (eu tinha 2 aulas pra dar pro 5º ano de fisioterapia, às 9:50h da sexta, que acabei conseguindo dar!).

Acordei às 4:30h, a Adri ligou dizendo que queria “ir um pouquinho” no hospital, pra avaliar a dilatação. As contrações já estavam mais intensas, e ela pensou em ir só pra ver como estava evoluindo, se estivesse ainda muito pouco queria voltar pra casa. Já prevendo que eles não a liberariam pra casa se chegasse lá, sugeri que ela esperasse um pouquinho e fosse arrumando a mala dela enquanto eu me ia até lá. Não comentei com ela, mas só o fato de ela mesma ter me ligado e ficado uns 4 minutos no telefone comigo me dizia que ela ainda estava no início do TP.

No caminho, liguei no hospital e eles disseram que não têm obstetra de plantão, então eles ligariam pro médico dela ir pra fazer a avaliação. E pelo que sabíamos, se o médico dela fosse chamado de madrugada não iria ficar esperando o trabalho de parto evoluir naturalmente. Com certeza viriam diversas intervenções, e se ela não evoluísse rapidinho, iria pra "desne"cesárea.

Cheguei na casa da Adri quase 5 horas, ela e o marido tinham acabado de tomar um café, e já estavam com as coisas prontas pra sair. Ela estava um pouco ansiosa, conversamos um pouco, perguntei com que freqüência estavam vindo as contrações e eles não souberam me dizer. Sugeri que monitorássemos por meia hora ainda em casa, e vimos que estavam de 3 em 3 minutos, mas duravam só 30 segundos, ela ainda tinha tempo pra esperar em casa. Sugeri, e eles concordaram em ficar mais um pouco antes de ir, visto que o hospital fica a 5 minutos da casa deles.




Estendemos uma coberta no chão da sala, colocamos diversas almofadas, pra fazer um “ninho” pra Adri. Pedi pro Adriano apagar a luz, deixar só uma penumbra, e ligar algumas músicas que ela já havia escolhido. Disse pra Adri que ela fizesse o que sentisse vontade. Ficamos um tempo assim, quase em silêncio, e a Adri foi se entregando, totalmente dona do processo. Agia instintivamente, como deve ser, e mudava de posição conforme as contrações exigiam. Ficou super à vontade, entregue ao parto, e creio que isso determinou a rápida evolução dela. Em poucos minutos as contrações já se intensificaram, durando mais de um minuto, e a Adri passou a relatar mais desconforto.






Lembro de ter comentado com ela que a dor não aumentaria dali pra frente, que ela estava indo muito bem, e tudo estava acontecendo da maneira que deveria. Ela ora ia pra bola, ora levantava, ora deitava, sempre seguindo os próprios desejos. Eu e o Adriano nos revesávamos nas massagens na lombar durante as contrações, em alguns momentos abanamos ela, e entre as contrações eu fazia massagem nas costas.




Adriana já com quase 10 cm de dilatação, fazendo uma forcinha pra sorrir! =D




Também saí um pouco de perto, pros dois ficarem sozinhos, e curtirem o momento de intimidade. Algumas vezes lembrei ela do porquê ela estava ali, quanto ela havia esperado pra que esse dia chegasse, quanto ela sonhou com o Lucas, e agora faltava só um pouquinho pra ela tê-lo nos braços.

Depois de mais ou menos uma hora que eu estava lá, a Adri comentou que estava há alguns dias com o intestino um pouco preso, e queria tentar ir ao banheiro. Perguntei se era vontade de evacuar (pois os puxos podem ser confundidos com isso!), ela não soube responder. Confesso que ela estava tão tranqüila e tão serena que duvidei que fossem os puxos mesmo. No banheiro, depois de uma contração forte, a bolsa rompeu. Ela me chamou pra ver, constatei que realmente era a bolsa. Ela foi tomar um banho, e decidimos ir pro hospital. Logo ela já começou a sentir vontade de fazer força.

Chegamos no hospital às 6:40h e pra nossa alegria o médico dela estava passando visitas na maternidade. Ele já veio examiná-la, e constatou dilatação total! Esse hospital só permite a entrada do pai, então eu fiquei lá fora esperando.

A Adri já havia dito pro médico durante as consultas que não queria parir na horizontal, deitada, e não queria que ele fizesse a episiotomia, mas (como eu já havia dito pra ela) ele não é muito adepto de ideias de humanização e nem das atuais evidências científicas da obstetrícia. Ela teve então que ficar deitada, com as pernas nas perneiras, o médico mandando ela fazer força... e (não entendi ainda porque, a evolução do TP estava ótima) outro médico ainda deu uma “ajudinha”, fazendo a manobra de Kristeller (quando o médico quase sobe na barriga da mãe pra ajudar o bebê a sair). E, como é de praxe dos médicos daqui, ela teve sim episiotomia.

Tirando essa parte chata, o Lucas nasceu 10 minutos depois que ela entrou no centro cirúrgico (meia hora depois que chegamos no hospital), às 7:11h, pesando 2.945g, com 48 cm, e teve apgar 9 e 10. Deixaram ela pegar ele um pouquinho no colo, mas deitada naquela posição ia ser difícil ela conseguir segurá-lo ou amamentá-lo, e ele foi levado pra avaliação. Ele é a cara do papai!

Da minha parte, foi lindo ver a Adri se entregando ao parto. Ela mesma havia dito pra mim que achava que ia chorar, ou ficar com medo na hora, mas não foi o que aconteceu! Ela estava calma, e permaneceu ativa durante todo o tempo (até a hora que foi pro centro cirúrgico). Esteve muito confiante, em si mesma e no seu corpo, e certa de que o mesmo Deus que havia cuidado de todos os detalhes até então não a abandonaria nesse momento.

A Adri disse que vai escrever um relato também, assim que ficar pronto eu posto aqui no blog a versão dela!!

Lucas com 2 dias de vida, mamando muito na mamãe!




Parabéns, família linda!! Que Deus continue os abençoando... tenho certeza que terem passado juntos por esse processo fortaleceu a união de vocês! Agora a família está completa... e que venham outros Adrianinhos e Adrianinhas! Amo vocês!

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